Chorar por quem não está mais;
Chorar pelo inacabado
que nem chegou a ser;
Chorar pelas suas dores transidas
já passadas, desvanecidas;
Chorar pela sua alegria de viver
estraçalhada, rompida,
agora muda e esquecida;
Chorar pelo que não mais vês nem sentes,
e continua sendo, imperturbável.
O choro escoa
na inclemente indiferença do universo;
Chorar pelo remanescente
vazio e solidão sem fim;
Chorar pelo amor que não te alcança,
pela presença que se tornou distância;
Intocável querer,
amor, que não estando,
fere fundo com sua ausência tangível;
Chorar pelo coração desgarrado
que bate em compasso
com o coração que já calou;
Chorar pelo abraço perdido,
as confidências sem palavras;
Chorar pela eterna irmandade,
amizade profunda, imutável;
Chorar pela separação
que se impôs à eternidade,
zombando de nossa fugaz arfada;
Chorar pela imortal despedida;
Chorar por ti,
que não pode mais chorar.
Lindíssimo!
O não dito pelo dito! Falar por dentro à mudez de fora! O numinoso da ausência nas entranhas do sentimento! Poema que diz pelos gestos visíveis e invisíveis!👏👏👏
Bom te ouvir e te ler, Eder
Belo comentário, grata
“ Chorar pelo amor que não se alcança ,
Pela presença que se tornou distância “
…
Belo poema que toca nossa humanidade .
Assim é Aurea, nossa humanidade tão prcária e tão sublime
De cortar o coração, Liliana.
Tão belo, tão triste.
Tão triste como o amor que escorrega e se esvai, fica, no entanto, um suave perfume na despedida
Liliana, eu só tenho feito chorar. Não sei mais qual é a melhor estrada a tomar de tanta desolação. Essa frase “Chorar pelo inacabado
que nem chegou a ser”, resume toda a dor do meu coração. Ando sem rumo. Que dor…
Nossas lágrimas formam um rio?
Muito Lindo!
Liliana
Que lindo! Que mágico! A sua ‘Última Despedida’ nos faz sentir a profunda tristeza das perdas, das ausências, mas, ao mesmo tempo, irradia o brilho perene da Arte, da Criação, da Poesia.