Há quase oitenta anos, nos primórdios de minha vida escolar, ensinava-se que o átomo possuía prótons, neutros e elétrons, o que saudavelmente limitava meu hábito de pensar muito sobre ele. Com o tempo foram adicionando outros participantes totalmente estranhos como múons, leptons, neutrinos, gluons, mesons, só confundindo minha cabeça pensante. Para empacotar tudo no diminuto átomo diziam que os tais elétrons não podem ficar girando à volta do núcleo porque cairiam nele, o que me deixou perplexo porque a terra e os demais planetas continuam girando em torno do sol há bilhões de anos e não caíram ainda. Estranho que se algo gira sem parar é porque deve usar energia e essa deveria se gastar até que o girar cessasse. Mais estranho ainda é que essas mesmas partículas atômicas, e não outras, se juntam e fazem desde gazes, como nitrogênio e oxigênio, até metais pesados e duros como ferro ou mesmo líquidos, como mercúrio. Portanto, são partículas que operam milagres que os compêndios não explicam direito.
Enfeitaram essas estruturas com fórmula matemáticas, um desastre para entendimento de alguém que só sabe fazer as quatro operações aritméticas (usando o celular, é claro). E para complicar, apareceu um sujeito que, além de dar nome a um hospital, inventou outro cálculo muito mais complicado que chamou relatividade. Disse ele que energia é a massa vezes o quadrado da velocidade da luz. Serviram-se desta estranha ideia para embarcar na tal energia atômica e produzir uma bomba devastadora. Mas, não foi só isso. O sabido concluiu que se sairmos da terra em velocidade próxima da luz, voltamos a ela mais moços, mas, infelizmente mais pesados pois nossa massa corpórea aumenta. Contei esta história para minha mulher – sempre preocupada com a estética – que disse que felizmente isto era apenas uma teoria, e como tal deveria estar errada, porém, em dúvida seria melhor parar de caminhar para não engordar. Argumentei que não podia ser erro pois o tal Einstein inventou que a luz tem peso e onda, tudo ao mesmo tempo (durma-se com um diabo desses) e deve ter dito certo já que os astrônomos mediram que ao passar perto de uma estrela, a gravidade desta muda a posição da bolinha de luz vindo de uma estrela e que, portanto, tem massa, e não é apenas onda. Aí, por causa do sabido que tinha o hábito infantil de mostrar a língua p’ra todos que não acreditavam nele, deduzo que a velocidade da luz pode ser diminuída, o que me espantou mais ainda pois imagino que assim ela pode ser parada e, se para, não chega a nossos olhos, isto é, não a vemos mais. Daí o menino sabido aproveitou para perguntar à professora, se a luz para, então ela deixaria de ser onda, e também por quê a luz corre com tanta pressa se não sabe para onde vai, e mais ainda, por que a luz corre? A professora ficou de responder noutro dia, mas eu acho que ela vai aprender sobre isto no doutor google, que é o professor de todos e de tudo. Eu deduzo que se a luz corre é porque não quer deixar que vejam que ela não é uma bolinha, mas apenas uma onda, mas pode-se imaginar que se ela andasse mais devagar deixaria de fazer onda… E também, se ela se move rapidamente podemos supor que haja uma energia que a faz se mover, como ainda, se ela se move infinitamente vai acabar atravessando muito além do universo que existe, ou daria meia volta ao atingir o fim do universo? Parodiando o poeta lusitano “a luz é uma partícula fingidora que finge tão completamente fingir que é onda a onda que deveras sente” …
Pior ainda, juntaram essas sabedorias produzindo uma tal de teoria quântica que todos falam que é nossa realidade, mas ninguém me explica que diabo é esse tal de quantum. Eu acho que é porque falam disto com fórmulas matemáticas apenas para nos confundirem. Com elas querem explicar o mundo do diminuto átomo sem nos dizerem também que o universo está em expansão, mas faltando mostrar dentro do que ele se expande, pois se expansão ocorre, ela o faz num espaço que, para mim, é o próprio universo, ou seja, que este tem fim, mas se isto é certo e ele se expande é porque não atingiu ainda seu fim, ou seja, tem ainda muito espaço depois do universo, ou mais universo depois dele mesmo? Quanto espaço? Também não encontro espaço em minha limitada cabeça para entender melhor.
Olhando para aquelas estrelas que parecem as mais distantes, eu pergunto o que há depois delas para continuarem viajando, e estando cada vez mais distantes, indefinidamente, ficarem tão longe de nós que um certo dia não mais as veremos. Isso levará nossos descendentes acreditarem que nosso universo se limita a ser apenas o sistema solar.
Esses astrônomos acabam de fotografar um buraco negro, que tudo engole, até a luz. Se Galileu soubesse disso ficaria doidinho por não saber explicar essa história p’ro papa sem o risco de se queimar numa fogueira de inquisição. Afinal, sendo Deus que fez a luz, só Ele saberá seu destino, não permitindo a algum buraco negro roubá-la.
Esses pensamentos fundiram meus miolos e achei melhor não os pensar para não ficar igual a esses malucos que inventam física sem levar em conta que esta tem razões que a própria razão desconhece!
Sensacional!
Dr Éder Quintão, você tem as mesmas perplexidades que um físico também tem. Por isso acho que a literatura lhe faz bem. Pelo menos ela permite que você expresse com muita propriedade num linguajar mais requintado (sem firulas matemáticas ou concentuais). Grande texto.
Caro Eder
Suas reflexões bem-humoradas sobre os caminhos e mistérios da Física Atômica, Quântica e adjacências além de gerar questionamentos e entreter o leitor podem muito bem virar uma aula.
Tomei a liberdade de apresentar seu texto ao Chat GPT e pedir que ele preparasse uma sequência de 5 slides para uma eventual apresentação em Power Point. Segue sua resposta:
Com certeza, aqui está uma versão mais lúdica enfatizando o tema “Toda história tem sua moral”:
Slide 1: A Jornada Científica: Descobertas e Enigmas
• “Explorando o mundo científico: uma jornada cheia de surpresas.”
• “Da simplicidade do átomo aos mistérios subatômicos: uma viagem inusitada.”
• “Reflexões que desafiam nossa lógica e nos fazem sorrir.”
Slide 2: Brincando com a Luz: O Enigma Onda-Partícula
• “A luz: um jogo de esconde-esconde entre onda e partícula.”
• “Einstein, sua relatividade e as curiosidades sobre a velocidade luminosa.”
• “Pensamentos que nos fazem rir e repensar o que sabemos.”
Slide 3: A Fantástica Teoria Quântica e suas Incertezas Encantadoras
• “Teoria Quântica: um quebra-cabeça com muitas peças enigmáticas.”
• “Quantum e suas incertezas mágicas: um convite ao pensamento imaginativo.”
• “Reflexões divertidas sobre a expansão do universo e seus mistérios.”
Slide 4: Viagens Espaciais e Reflexões Distantes
• “Olhando para as estrelas: perguntas que nos levam a mundos imaginários.”
• “Desafios e encantos de pensar no espaço além do universo observável.”
• “Pensamentos brincalhões sobre os limites do conhecimento.”
Slide 5: Conclusão: A Ciência como Conto Encantado
• “Toda história tem sua moral: a ciência como conto fascinante.”
• “Rir, refletir e explorar: a beleza dos enigmas científicos.”
• “Desafios lúdicos que nos inspiram a continuar a busca pelo desconhecido.”
Carlos: deveria tê-lo consultado para escrever o texto a quatro mãos. Teria sido mito mais divertido…