Um banco no calçadão, O Velho e o Mar, a vista de Ilhabela
São Sebastião, rua da Praia. O fato é que Amâncio chegou cedo. O comércio só abre às 9:00. Não deu oito e meia ainda. Huum, melhor esperar, caçar um café, alguma coisa para ler – existiriam bancas de jornal ainda por aqui? Opa, olha só! Um banco vazio no calçadão…Sentou-se.
Tropicão,
4 da manhã,
por Regina Valadares
4 da manhã, não ia abrir os olhos. Não ia olhar o relógio ou acender a luz. Ia fingir que estava dormindo. Não consegui. Acendi a luz. Será que rezar adianta? Mesmo que não, eu rezo. Todos os dias. Às vezes várias vezes. Incomodo Deus com a maior liberdade.
Continuar lendo#resoluçõesdeanonovo
Rumo do fumo,
Eder Quintão
Eu vivo preocupado/Pois raramente bebo/E jamais estressado/Meu fim não concebo/É que ignoro meu fado/Neste corpo tão sarado/Colesterol normalizado/Com pulmão exercitado/Vivo assim perfeitamente/Com “check up” bem feito/Corro bem diariamente/E pratico nado de peito
Continuar lendoReparação
Lourdes Gutierres
Desse tempo que passou/Guardo alguns fragmentos/Sumaúma em chamas/Ossos de onça/Cinzas de tamanduá/E a mentira atroz: /− tudo preservado/− nenhuma devastação.
Continuar lendoPresença,
por Paulo Akira Nakazato
#celebração
Agora eu queria ter um menino
que me mostrasse os caminhos
de todas as verdades das flores,
e me descerrasse à vista as fartas cores
que há tempos eu venho ocultando
embaixo da máscara gasta e escura.
Agora eu queria ter um menino
que me pusesse na alma um destino
de só a ele servir, sem trégua ou descanso,
como monumento ao qual eu adorasse
vinte e quatro horas do dia, mas no final,
no corpo, nenhum sinal de cansaço.
Agora eu queria ter um menino
que me acordasse de súbito feito um sino
tocando ao amanhecer quente de verão
e me pedisse que lhe desse o pão
e o fruto que eu, por descuido e medo,
havia negado a mim mesmo quando pequeno.
Lilian Kogan e Chanukah, a Festa das Luzes
#celebração
Certo dia perguntaram ao sábio talmúdico Hillel, “por que não se poderia acender já nos primeiros dias todas as velas?”, ele observou que o ser humano tem, nesse gesto diário por oito noites, a oportunidade de trazer a energia do genuíno, daquilo que é verdadeiro, com serenidade, um dia após o outro; uma noite após a outra, em meditação.
Continuar lendoLilian Kogan às voltas com sincronicidades
Histórias como essas sempre me fascinaram, eu tenho uma coletânea delas. Quando menina, as chamava de magia do destino, e, no fundo, de uma forma mais simples, acho que é isso mesmo; uma força do universo atua para que as pontas soltas se juntem. Porque se não pegássemos o elevador naquele exato momento, não estivesse o médico a passar por lá naquele exato momento, nada disso teria acontecido. Que viagem é essa no tempo?
Continuar lendo#autoraconvidada
Cristina Prandini em A outra face do medo
A origem do pesadelo está/
bem no centro do fundo do mar,/
onde mora um homem muito grande,/
a ponto de precisar se encolher/
para ali ficar.
A Nova Internacional,
(Por causa dos tempos)
de Eder Quintão
O capitão /Se foi /Embora tarde /E se foi um /Por quê /Não vai /Mais um /Indo com ele /Os demais /E não reste /Nenhum mais /Para traz?
Continuar lendoVAGARINHO, ou uma quase história de amor, por Lourdes Gutierres
“O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar.”
Carlos Drummond de Andrade
Luciano Alberto de Castro, sobre mineirices gerais e abstratas
Erroneamente atribuído a Drummond, o poema “Ser Mineiro” foi escrito pelo patrocinense José Batista Queiroz e é uma ode ao jeito mineiro de ser (acho que Drummond não seria mesmo tão generoso)
Continuar lendo#livrepensar
Devoradores e asfixia: reflexões contemporâneas de Liliana Wahba
“Nosso século XX é o século do medo” escreveu Albert Camus em 1946 sob o título “Nem vítimas, nem carrascos”. Esse medo, inerente à história da humanidade, se reacende em determinados períodos: “um medo coletivo pesando em nossos corações”, foi escrito por Jung em 1958.
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