Meu telhado não é de vidro, mas minha janela é. Meus poemas não são de vidro, mas minha inspiração é. O que escrevo vem não sei de onde, qual a dimensão que me envia, onde estão os pensamentos, que energia me leva a correr e anotar o que me chega antes que eu perca o bonde e a esperança de recordar. Do jeito que me veem podem revelar muito ou se perder pedaço a pedaço.
Continuar lendoSaber rir
nas rimas de Eder Quintão
Vou rir, rir
Rir para expelir
Lágrimas de ontem
E as que logo nascerão
Daquela tristeza de amanhã
Se não herdar lábios sabendo rir
Última Despedida,
por Liliana Wahba
Chorar por quem não está mais;/Chorar pelo inacabado/que nem chegou a ser;/Chorar pelas suas dores transidas/já passadas,/desvanecidas;/Chorar pela sua alegria de viver/ estraçalhada, rompida,/agora muda e esquecida;/Chorar pelo que não mais vês nem sentes,/e continua sendo, imperturbável.
Continuar lendoHoje eu chorei, por Regina Valadares
Fazia tempo que não chorava. Muito tempo. Parei diante do quadro da minha mãe, aquele quadro que tem sido minha única mãe desde os meus 20 anos, e chorei. Olhei fundo nos olhos dela e vi os meus, tristonhos e ao mesmo tempo quase alegres. Solitários. Eu assim tão só, pensei na música. E chorei. Bem baixinho.
Continuar lendoFermento,
por Tita Ancona Lopez
Chamava a atenção. Era bonito, parecia macio e, além disto, transmitia um calor que percorria o corpo de quem olhava. Era alguma coisa que preenchia como se, através dos olhos, entrassem complementos para todos os sentidos resultando em plenitude, só de olhar. Naquela tarde havia muitas pessoas ao redor em paz e silencio quando algo inesperado aconteceu.
Continuar lendoO horror do horror
(tributo às vítimas das guerras contemporâneas),
por José Carlos Peliano
Meus ouvidos não escutam as explosões de bombas, gritos, gemidos e choros/meus olhos sequer se enfumaçam ou se entulham de escombros, mutilações, fumaças tóxicas/meu nariz escapa do cheiro e do pavor da morte/e da lenta e torturante agonia dos destroços humanos
Continuar lendoCantigas de adormecer-envelhecer,
por Clemari Marques
Fotografo cada detalhe do Belo que vem a mim/ Ou busco os de repentes das surpresas do universo/ Quero fixar a parte Bela da vida/ Até o último olhar/ Suspiro/ Quero fechar os olhos pela última vez/ Vendo estrelas/E mar/ E por de sol/ E nascer da Lua/ Mesmo que seja apenas no imaginar/ Do último suspiro.
Continuar lendoQuestões Vetoriais (Crônica do engenheiro doido),
por Carlos de Castro
Coincidiu de São Paulo atravessar uma conjunção astral nefasta. O tráfego mais intenso da época natalina encontrou pela frente um conjunto de interdições viárias típicas de períodos pré-eleitorais, desenvolvidas pelo DMOL – Departamento Municipal de Obras Lentas. De maneira que, para não pirar enquanto pratico um pouco mais de rastejo veicular, observo o ambiente em busca de detalhes que normalmente passariam despercebidos.
Continuar lendoA velha do Natal,
por Adília Belotti
Era uma velha muito velha. Apesar do sol vincado na pele, tinha olhos azuis. Olhos de água. Tinha feito filhos, netos, bisnetos. Seu corpo habitava lugares onde jamais estivera. Tão espalhada pelo mundo que um dia decidiu: não acomodo mais nessa casa. Bateu a porta, largou sua vida antiga ali vendo TV no sofá da sala, saiu sem dizer adeus.
Continuar lendona tal data,
por José Carlos Peliano
embrulho aberto, um mundo por ter dono
parava o tempo, doces fantasias
na tal data reinava um abandono
longe de tudo e perto das magias
Reflexões judaicas de Natal, por Carlos Schlesinger
E de repente, sempre de repente, chega o Natal que estava ali escondidinho. Os sintomas começam de forma leve, uma anúncio de TV aqui, uma lâmpada acolá. E a coisa vai aumentando avassaladoramente, entre ofertas de presunto tender em supermercado e as fieiras de lâmpadas na vizinhança. Um doce pânico começa a se instalar. CLIQUE PARA OUVIR AS MÚSICAS NO FINAL DO POST
Continuar lendo#sextadepoesia
Ínfimo e augusto,
por Luciano de Castro
tome, doutor, esta tesoura e corte minha tristíssima pessoa/ vá me dissecando, me fragmentando em pedaços cada vez menores/ use bisturis de lâminas cada vez mais finas capazes de dividir-me indefinidamente
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