Segundo essa interpretação, portanto, cada e todo livro é oferecido e trazido pela memória aos becos e ruelas da recordação e/ou da imaginação povoadas pela vida afora. Se vai ser levado ao público ou não depende de cada um. Seguindo adiante, vive-se dessa forma numa monumental biblioteca universal onde é guardada a memória expressa ou não de toda a existência da vida humana e do meio ambiente.
Continuar lendoBahia, por Carlos de Castro
Um sacolejo forte desmanchou o devaneio. Trechos esburacados da estrada tornaram a viagem mais lenta e sacolejante até o desembarque, horas depois. Na noite quente da Bahia, três jovens mineiros, mochilas nas costas. Uma rápida exploração do entorno, um lanche na padaria – regado a muita cerveja – e se instalaram numa pousada próxima à rodoviária. O dia seguinte era dois de fevereiro: festa de Iemanjá. Téo não fazia ideia do que o esperava.
Continuar lendoSONHO DE SOLIDÃO, por Bettina Lenci
Sente um ardor no sexo e o arrepio lhe toma o corpo, a boca seca e o coração acelerado. Sabe da dor da ausência que teria que superar, mas até hoje não dominara. Ao contrário parecia que se densificava a cada acordar do cochilo no jardim do asilo.
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Sou avó há uma semana, por Regina Valadares
Sou avó há uma semana. E não chego aos pés da avó que tive. Olho pra minha netinha, aquela pessoinha mínima e penso na minha avó. Ah, como você adoraria a minha avó! Ela deixava faltar aula quando estava chovendo, fazia pudim de leite sem furinho e contava casos da África, lugar onde nunca foi, mas que me embalavam em aventuras maravilhosas.
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Avó Mestra, por Carlos de Castro
Santana é nome de bairro, de linhas de ônibus, estação do Metrô, de cidades. Muitas cidades: Do Livramento, de Parnaíba, Feira de Santana. Conheci até a minúscula Santana da Ponte Pensa, lá para os lados do Rio Paraná. Está também no nome das pessoas, como Sérgio Santana, grande escritor brasileiro. Evidentemente nomeia a própria santa, embora a maioria das pessoas não se dê mais conta disso.
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Meus avós longevos, por Eder Quintão
(por causa disso fiz noventa)
Naquele tempo ajudei ao médico interiorano
sangrá-lo para “curar” a hemorragia cerebral
cortando uma artéria de seu pulso à direita,
então, enchendo de sangue a grande tigela.
Por isso sou médico.
#avozices
Minha avó, por Sylvia Loeb
Na casa dela é que aconteciam as coisas mais maravilhosas do mundo!
Minha avó tinha uma cama imensa, com lençóis perfumados e frescos. Eu adorava dormir com ela, que tinha cheiro de lavanda e era bem gordinha. Eu punha as pernas em cima do seu corpo e dormia no embalo da sua respiração.
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Nona, por Zulmara Salvador
Ela pegava uma faca bem pequena, tirava fios da massa da bala e começava a fazer o “puxa”: estirava com as mãos. Era uma mágica. A massa crescia e diminuía nas mãos da minha avó. Depois ela rodava, rodava e rodava a massa até que fazia um grande nó. Jogava na bancada de novo, passava coco fresco, cortava com cuidado milimétrico e punha cada pedacinho num pano de prato branco, branco, muito branco, que parecia novinho. Quando ela me dava um pedaço daquilo, ainda quentinho, eu chegava num tipo de céu infantil. Um paraíso onde só chega quem tem uma avó!
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Alecrim, por Tita Ancona Lopez
Gostava de regar o jardim no final da tarde, a minha avó. Então, o ar ficava com aquele cheiro de planta regada, que só antigamente se sentia. Durante o dia costurava, fazia tricô, um para cada neto, um para cada bisneto e quando pensava que ia acabar a fila, sempre nascia mais um.
Continuar lendoA MINHA ASTRONAUTINHA, por Lilian Kogan
De repente, me pergunta onde estava minha mãe.
– No céu, Alice. Uma estrelinha lá no céu.
– E você vê ela?
– Vejo à noite, quando tem estrelas no céu. Mas ela também está aqui no meu coração.
– E seu pai, vovó?
– Ele também está lá no céu.
#avozices
Ser avó, por Liliana Wahba
Ser avó é ter amores redobrados
Escrever histórias gravadas na profundidade da alma
Redescobrir o encantamento do mundo
e renovar visões inesperadas
#avozices
Avonidade, crônica de Carlos de Castro
Pesquisei um pouco. Achei referências acadêmicas a avosidade; já o GPT sugeriu avoanidade. Não, não, obrigado. Já que nenhuma delas consta dos dicionários, nem do vocabulário ortográfico da Academia Brasileira de Letras, enquanto os especialistas não se pronunciam vou ficar mesmo com a palavra que me ocorreu de início. Então, por favor dicionários digitais, incluam “avonidade”: vínculo imaterial de afetividade entre avós e netos.
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