“Alguma coisa acontece no meu coração”…sim, para quem chegou agora, existiam encantos no Centro de São Paulo: as grandes lojas, o comércio diversificado e especializado, as livrarias, as lojas de discos e de equipamentos de som. Tudo isso atraía nossa curiosidade, mas havia dois pontos que se destacaram na nossa vida dos jovens universitários: os chopps e as meninas.
Continuar lendoOnde se fez o silêncio, por Lourdes Gutierres
Ela parece dormir, mas os dedos das mãos se movimentam de forma ritmada. Observo que nela mudanças ocorrem de maneira rápida. Há pouco tempo, apoiada em meu braço, caminhávamos até o jardim da casa. Por lá, canteiros coloridos: rosas, azaleias; de repente, aparecia algum beija-flor se nutrindo no hibisco – olhe, olhe, que lindo! Breve encantamento, logo sumia sem deixar rastros.
Continuar lendoAs pernas doídas do cozinheiro,
por Zulmara Salvador
De alegrias, nada sabe o cozinheiro. Ele só trabalha. Transpira na boca do fogão, tem câimbras nas pernas que nunca se sentam. Sorri ao ver a panela fumegante exalando o cheiro de um amor estranho por quem não conhece e que espera ser feliz da primeira à última garfada.
Continuar lendoRastros, reflexões sobre o envelhecimento, por Elisa Mariz
Chega de viver do passado, da memória do que se foi. Muitos perderam a identidade porque eram conhecidos pelo que faziam, não pelo que eram. A nova e última fase da vida deve oferecer a oportunidade de dedicar tempo à lapidação do eu, de ser mais livre, de concluir projetos engavetados, criar novos, mostrar competência e destruir os estereótipos de seres incapazes e obsoletos.
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As filhas moravam com ele, de Andre Giusti
Almoços, pizzas, jogo de futebol, bebedeiras, o que pode acontecer nesses cenários? O que escondem essas trivialidades? Nada, imaginamos. A classe média, seu cotidiano e preocupações.
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o que andam lendo nossos autores, Regina Valadares e Carlos de Castro
Se você recebe nossa newsletter mensal, sabe como a gente gosta de falar de livros. Nem sei se é possível alguém ser um bom escritor sem ser um bom leitor. Na última news, a partir da reportagem de Anna Virgínia Ballousier, Leia que eu te escuto, publicada na revista Quatro, Cinco, Um, falamos de leitura compartilhada, de ler em voz alta, de ler juntos.
Continuar lendoDos leques e ventos da memória, por Lilian Kogan
Recentemente num curso sobre a Princesa Isabel, a historiadora que nos dava aula mostrou um slide com um leque feito pela própria princesa. Na ponta de cada vareta, o rosto pintado de algum membro da família.
Se o leque fosse da minha avó paterna, alguns retratos estariam decapitados. Ela nunca aceitou a separação da filha. Dizia que ela merecia ser melhor tratada pelo ex-marido. Enquanto tia Rosa seguia tranquilamente sua vida de desquitada, minha avó ainda esbravejava.
Continuar lendoA HORA MAIS NEGRA DA NOITE,
por Blanche de Bonneval
Eu estava servindo no Tadjiquistão no auge da guerra civil. Havia combates entre as forças governamentais e os fundamentalistas islâmicos até na capital, Duchambé. O pessoal das Nações Solidárias estava proibido de sair de casa a não ser para ir trabalhar. Me congratulei de já ter feito o meu reabastecimento de gêneros alimentícios no outono em Tashkent, capital do país vizinho, o Uzbequistão, quando as estradas ainda eram praticáveis.
Continuar lendoDeu no jornal, poema de Eder Quintão
Foi hoje notícia
De muita tristeza
Morte atropelada
Na esquina, o lar
Onde foi achada
Famosa princesa
Autoproclamada
Minhas águas, por Sylvia Loeb
Tenho um rio dentro de mim. Suas águas percorrem cada reentrância do meu corpo, é o grande meio de transporte de tudo que ele necessita:
Continuar lendoAfogado, pequeno conto de Tita Ancona Lopez
Lá se ia o tempo do afogar-se em sentimentos que, de tão fortes, o levavam ao fundo, enquanto se debatia, procurando emergir, sem êxito. Então, afogava-se e novamente se afogava, até que fugia de qualquer coisa que sentisse, só para que não lhe trouxesse o afogamento, a falta de ar.
Já lá ia o tempo pensou, satisfeito.
Que bom que já lá ia.
Uma lágrima, por Eder Quintão, a partir da composição de Modest Mussorgsky
Era uma lágrima
Nascida sofrendo
Desde sua partida
Logo se perdendo
Toda ressequida