Rasteja! | Aceita tua condição de réptil | Eu sei dos teus assomos de querer voar | Sei dos deslocamentos velozes quando teus dedos lestos apenas tocam o chão |São até nobres, mas inúteis, pois logo tu te cansas e te deténs e voltas a rastejar
Voltas a raspar tua barriga branca na terra marrom e áspera. Rasteja!
RÉPTEIS NÃO VOAM, certo?
#TBT
BABAU!
Tragédia da irreversibilidade, por Sergio Zlotnic
I – Eis um manual/mapa/esboço rumo às obras que se criam sozinhas: acrescentar palavras aleatórias, surgidas por sua livre e espontânea vontade, por escorregões ou
Continuar lendoBilhete a um amigo, de Silvia Ancona Lopez
Recebi seu último livro e quero lhe contar que poesia eu não leio. Saboreio. Saboreio devagar e de uma forma totalmente diferente das minha outras leituras.
Continuar lendoINOCÊNCIA, conto triste de Lourdes Gutierres
A pipa deixei junto à luminária do teto; era no céu do morro do gado que o colorido dela relampejava naquelas nossas tardes de domingo.
Do tempo que nos deixou, guardei seus traços. O rosto de contornos variados, ora redondo, ora oval. Bigode usava sempre, barba às vezes.
Continuar lendoA cidade em movimento e a casa ameaçada de Leonardo Quindere
Naquela rua não reconheci mais nada, todo o quarteirão demolido, só restava uma casa, no meio, solta. Fazia anos que eu não passava por ali.
Continuar lendoA vendedora, de Carlos Schlesinger
(e uma recordação inesquecível)
O menino se fazia, às vezes, de telefonista da casa, no nicho existente no longo corredor. Ali, uma mesa aramada, com tampo de fórmica azul imitando mármore, sustentava o aparelho telefônico. Embaixo, duas prateleiras organizando os três catálogos telefônicos da CTB, Companhia Telefônica Brasileira.
Continuar lendoVeracidade, poema-ciranda de Eliane Accioly
vera amou joão e joão entrou em sua vida e vera mentiu omitiu baniu joão e naquele amor naquele joão entrado vera não via que
Continuar lendoReflexões sobre A Orelha,
por Eder Quintão
Mas as orelhas…. As orelhas? A evolução produziu-as simples, circulares ou alongadas, sempre côncavas, singelas como as linhas da arquitetura moderna, curvas de Oscar Niemeyer…Fomos esquecidos nesse ponto no processo evolutivo. Apresenta-se em nós exuberante em geometria excessiva, redundante em suas circunvoluções.
Continuar lendo#autorconvidado
O trem, de João Luiz Muzinatti
Lembro-me de que, desde muito jovem, costumava observar o trem surgindo a distância. Na cidadezinha onde vivia, havia uma visão privilegiada. Ao longe, avistava a composição gigantesca apontando no vão formado entre a vasta vegetação e uma longa montanha. E meu mundo parecia parar.
Continuar lendoLilian Kogan enfrenta uma estranha
tempestade de areia no Douro
Tempestade de areia, embaçamento da visão, são os tempos em que estamos vivendo. Sonâmbulos atrás de um entorpecente que nos redima da falta de consciência de nos posicionarmos com lucidez.
Continuar lendoLiliana Wahba e os chips de memórias destruídas
Esvaziada, contempla o que restou dos disquetes. Afasta e aproxima o olhar, a luminosidade incide neles irradiando a forma que adquiriram. Pequena escultura nascida ao acaso: uma borboleta metálica reluzente.
Continuar lendoQuestões pontuais
Carlos de Castro às voltas com o ponto e vírgula
Corre um dia qualquer do pós-futuro. Ainda existem porões, não mais subterrâneos, úmidos e escuros, próprios para a guarda de bons vinhos. Agora são metaporões, protegidos do acesso indevido – especialmente de humanos – por velhos e potentes cadeados de blockchains. Abrigar, “envelhecer” boas ideias, eis um dos usos mais nobres dos metaporões modernos
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