Acabara de me aposentar das Nações Unidas em 2005 e tinha voltado para São Paulo, a minha cidade natal. Até agora, eu percorrera o planeta e atuara em alguns dos países mais perigosos do mundo sempre tentando servir e ultrapassar os meus limites. Se eu tinha a certeza de que todas as experiências que vivenciara me levariam à uma nova vida, eu estava no momento doente e sem rumo.
Continuar lendo#autoraconvidada
Lidia Izecson, Pianista
Duas pretas três brancas, quatro brancas duas pretas, duas pretas, três brancas, quatro brancas duas pretas, duas pretas três brancas… A parede deve ficar toda branca. Mas eu sou preta, preferia pintar de preto, ia ficar mais bonita. Iam achar mais feia, todo mundo sabe que preto é mais feio que branco.
Continuar lendoCarlos Schlesinger em
Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém…
São muitas as Jerusaléns, todos sabem. Também as minhas. As imaginárias e as vividas. As épicas e as reais.
Continuar lendoPor um fio …
crônica de Lilian Kogan
Por um fio de cabelo, a vida da iraniana Mahsa Amini foi apagada. Um espancamento brutal pela “polícia dos bons costumes”. Tinha vinte e dois anos. Morreu por uma mecha de cabelo que ficou de fora do véu islâmico. (…) o lembrete escrito a sangue fresco para que todas as mulheres daquele país prestem atenção quando uma dentre elas não cobrir seus cabelos
Continuar lendoSonhos, por Leonardo Quindere
Logo cedo, ali pelos dezoito anos, foi selecionado entre vários meninos para ser auxiliar de sapateiro. Parecia um emprego simples, mas não era. A sapataria era de luxo e pagava três vezes mais do que qualquer outra. O negócio era sólido como uma rocha e prometia vida e velhice seguras. Parecia pouco para o menino Eustáquio que gostava de estudar, ler e sonhar.
Continuar lendoBettina Lenci, em Portugal:
Um oceano
“O Brasil foi colônia de Portugal por 400 anos”, penso, ao deitar meu olhar no horizonte. Acomodada sobre uma pedra cavada pelo vento, encimada sobre uma rocha, contemplo ondas espumosas a bater na muralha de pedra cuja altura pode induzir a um suicídio, por tão sublime visão.
Continuar lendoTropicão,
por Carlos de Castro
Um banco no calçadão, O Velho e o Mar, a vista de Ilhabela
São Sebastião, rua da Praia. O fato é que Amâncio chegou cedo. O comércio só abre às 9:00. Não deu oito e meia ainda. Huum, melhor esperar, caçar um café, alguma coisa para ler – existiriam bancas de jornal ainda por aqui? Opa, olha só! Um banco vazio no calçadão…Sentou-se.
4 da manhã,
por Regina Valadares
4 da manhã, não ia abrir os olhos. Não ia olhar o relógio ou acender a luz. Ia fingir que estava dormindo. Não consegui. Acendi a luz. Será que rezar adianta? Mesmo que não, eu rezo. Todos os dias. Às vezes várias vezes. Incomodo Deus com a maior liberdade.
Continuar lendo#resoluçõesdeanonovo
Rumo do fumo,
Eder Quintão
Eu vivo preocupado/Pois raramente bebo/E jamais estressado/Meu fim não concebo/É que ignoro meu fado/Neste corpo tão sarado/Colesterol normalizado/Com pulmão exercitado/Vivo assim perfeitamente/Com “check up” bem feito/Corro bem diariamente/E pratico nado de peito
Continuar lendoReparação
Lourdes Gutierres
Desse tempo que passou/Guardo alguns fragmentos/Sumaúma em chamas/Ossos de onça/Cinzas de tamanduá/E a mentira atroz: /− tudo preservado/− nenhuma devastação.
Continuar lendoO PACTO, de Lourdes Gutierres
#celebração
Urdidura do destino. E nela, o cansaço pela busca de moradia. Quando dobraram a esquina, o alívio. A menina foi a primeira a avistar a placa na casa: aluga-se. Paredes descascadas, vidros quebrados, algumas manchas de mofo, ficava junto a um córrego. Dava para ver, ao fundo, o pomar abandonado e a bananeira com cachos maduros.
Continuar lendoLilian Kogan e Chanukah, a Festa das Luzes
#celebração
Certo dia perguntaram ao sábio talmúdico Hillel, “por que não se poderia acender já nos primeiros dias todas as velas?”, ele observou que o ser humano tem, nesse gesto diário por oito noites, a oportunidade de trazer a energia do genuíno, daquilo que é verdadeiro, com serenidade, um dia após o outro; uma noite após a outra, em meditação.
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