Clube dos Escritores 50+Zulmara Salvador Minha mãe

#mães
Minha mãe, por Zulmara Salvador

Antes de eu nascer, minha mãe não existia. Mas depois que eu nasci, vim a conhecê-la e ela passou a existir (para mim). Ela era um mundo inteiro de peitos, com leite quentinho e cheiro macio e pele doce e vozes amáveis. Só depois que eu nasci pude conhecer minha mãe, é claro. Gostaria de tê-la conhecido antes, para saber o que pensava, o que sentia, a quem amava e se me queria… Antes de eu ter nascido.

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Mudança, por Tita Ancona Lopez

Peguei a escova de dentes, mas deixei o vidro de shampoo e o sabonete líquido.
Propositalmente esqueci-me de um pé daquela meia branca com o desenho da Nike em azul.
Levei as roupas, mas deixei uma bolsa.
Os sapatos, levei todos.
Peguei meus papeis, minha caixa de recordações e os livros, porém, deixei dois, com frases marcadas e observações escritas a lápis, em muitas páginas.

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Clube dos Escritores 50+ Bettina Lenci Mundos Imagem gerada por IA

Os mundos de Bettina Lenci
ou 12 crônicas sobre notícias sem importância

Tenho escrito crônicas a partir de notícias pouco importantes, mas que, justapostas, talvez possam criar um terceiro ângulo ou uma nova conclusão sobre essas informações inúteis. Este jogo nasceu na tentativa de preencher os vazios da minha alma. Com esforço, busco recuperar algum sentido poético que esteja perambulando acima da realidade crua que passa ao meu lado, qual nuvem escura anunciando tempo de raios e trovoadas.

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Clube dos Escritores 50+ Carlos de Castro Grana

A força da grana, crônica de Carlos de Castro

– Você não estava sabendo? Só vamos ficar abertos até o final do mês.
A conversa se deu quando eu chegava a academia para um dos meus dois ou três treinos semanais. Me espantei quando vi um técnico desmontando o belo painel luminoso da entrada. Ao perguntar à recepcionista o que tinha acontecido, fui surpreendido com a resposta. Depois percebi que haviam colocado uma nota no quadro de avisos.
São Paulo se autodevora.

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Clube dos Escritores 50 mais Carlos Schlesinger Nossos herois - Imagem gerada por AI

Os heróis eram outros,
por Carlos Schlesinger

O nome era engraçado para crianças e adultos. Gagarin. Parecia brincadeira. E, naqueles dias, era o que se falava. Gagarin, um astronauta russo, de olhos rasgados, sorria após ser resgatado do primeiro voo de um ser humano no espaço. Os americanos ficaram furiosos e partiram para a competição. Abria-se nova página na Guerra Fria entre as superpotências, a corrida espacial. A guerra era acirrada e novos nomes surgiam e se incorporavam ao conhecimento popular, assim como as façanhas que cresciam a cada dia.

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Clube dos Escritores 50+ Tita Ancona Lopez Taturana

TA-TU-RA-NA,
por Tita Ancona Lopez

Era uma taturana verde claro, movendo-se lentamente sobre uma folha verde escuro. A folhagem forrava um muro bem mais alto do que ela mas, a taturana, estava na altura dos olhos. Sabia que não podia encostar o dedo, a avó dizia que taturana queima, tinha tanta vontade de pegar! Passou horas olhando o movimento do corpo comprido, devia cansar aquele mover-se com tantas perninhas, ela só tinha duas e não andava deitada, andava de pé.

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Clube dos Escritores 50+ José Carlos Peliano Geometria

Uma poeta na vidraça
reflexões sobre o novo livro de José Carlos Peliano, A Geometria flutuante das águas

Meu telhado não é de vidro, mas minha janela é. Meus poemas não são de vidro, mas minha inspiração é. O que escrevo vem não sei de onde, qual a dimensão que me envia, onde estão os pensamentos, que energia me leva a correr e anotar o que me chega antes que eu perca o bonde e a esperança de recordar. Do jeito que me veem podem revelar muito ou se perder pedaço a pedaço.

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