Nunca esqueço./E todo ano, sou feliz nesse momento./Exatamente nesse momento./Podem me perguntar./Sei exatamente qual é o primeiro dia,/o primeiro céu,/o primeiro sol,/o primeiro vento…/do outono.
Continuar lendoparou, simplesmente, parou …
conto de Liliana Wahba
Simplesmente parou, não lembrava quando ocorrera, a família o viu estático fixando o horizonte. Aparentava se encontrar em estado contemplativo – vinha fazendo imersões em cursos de meditação, já que estava sentado num degrau da escada do portão sem se mover. Após duas horas, estranharam e, ao se aproximarem dele, somente ouviram murmúrios em resposta à pergunta do que estava fazendo, se iria ficar ali até a noite; estava esfriando.[…]
Continuar lendomanhã, amanhã, sonho,
conto-poema musicado de Leo Forte
Manhê, manhêêê?/Que é filho, você não tá dormindo? Dorme, é tarde./Manhê, manhã é hoje?/Não, amanhã é amanhã./
Continuar lendo#poemaemprosa
Valsa de Rimas Inconstantes
de Luciano de Castro
Por vezes me pego meio assim-assim. Não querer falar, nem ler o pasquim. Não quero escutar nem Gabi Melim. Não quer cheirar nem flor de jasmim. Chego a renunciar uma mesa de bar na Gal San Martín.
Continuar lendouma foto de balanço, reminiscências,
ausências, por Liliana Wahba
Um pneu balançando em uma corda; /rajadas ao fundo /no tempo que corre em dimensões fugazes e perdidas.
Continuar lendoO filho hackeado, crônica sobre golpes e… coisas de mãe, por Lilian Kogan, estreando no Clube dos Escritores 50+
Recebo o já batido golpe do WhatsApp: oi, tudo bem? Anota meu número novo, o outro vou deixar só pra trabalho, tá bom? […]
Continuar lendocicatriz e a carapaça áspera, por Lourdes Gutierres
Vestida de cicatriz ensimesmou-se/Trancada em armadura virou incógnita/Sua carapaça áspera teima teima e teima avermelhar-se/Na aparência dura a doçura oculta da seiva […]
Continuar lendoa Lógica de Penélope, segundo Paulo Akira
Embora Penélope desfizesse seu trabalho com muito cuidado e oculta aos olhares incômodos, eu percebia a lentidão com que se encaminhava o término de sua promessa. Os fios em determinados segmentos da tapeçaria en-contravam-se, às vezes, repostos em outros lugares da peça, de tal forma que aquilo me pareceu um cruel ardil feminino […]
Continuar lendoBettina Lenci, Pablo Neruda
e a residência da memória
O jornalista tropeça em uma das calçadas de pedra descuidadas; bate o nariz no vidro de um carro e sangra muito. O acontecido o faz refletir — não sobre calçadas — mas sobre o regime de terror de Pinochet e as mortes sem túmulos de pedra. […]
Continuar lendoCarlos de Castro no mesmo barco
Nós e a fantasia dos barcos, dos cais, do ir e voltar, das despedidas, do partir […}
Continuar lendo#autorconvidado
Eduardo Ritschel e a má notícia
não conclui/nem desiste/só interrompe/despedaça/dilacera/furta a vida/altera a rota/rasga com força/corta/e insiste […]
Continuar lendoEder Quintão às voltas com o temível…alemão
Disse ao doutor na consulta/Minha memória é perfeita/Lembro-me da infância inteira/Talvez menos da vida adulta/Reconheço, nomes esqueço/
Por serem tão complicados/Os desses netos endiabrados/E dos vizinhos mal educados/Verdade, não sei o dia de hoje/Porém, é porque não li o jornal/Mas doutor não me leve a mal/Amanhã não será dia igual.[…]