Naquele tempo ajudei ao médico interiorano
sangrá-lo para “curar” a hemorragia cerebral
cortando uma artéria de seu pulso à direita,
então, enchendo de sangue a grande tigela.
Por isso sou médico.
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Minha avó, por Sylvia Loeb
Na casa dela é que aconteciam as coisas mais maravilhosas do mundo!
Minha avó tinha uma cama imensa, com lençóis perfumados e frescos. Eu adorava dormir com ela, que tinha cheiro de lavanda e era bem gordinha. Eu punha as pernas em cima do seu corpo e dormia no embalo da sua respiração.
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Nona, por Zulmara Salvador
Ela pegava uma faca bem pequena, tirava fios da massa da bala e começava a fazer o “puxa”: estirava com as mãos. Era uma mágica. A massa crescia e diminuía nas mãos da minha avó. Depois ela rodava, rodava e rodava a massa até que fazia um grande nó. Jogava na bancada de novo, passava coco fresco, cortava com cuidado milimétrico e punha cada pedacinho num pano de prato branco, branco, muito branco, que parecia novinho. Quando ela me dava um pedaço daquilo, ainda quentinho, eu chegava num tipo de céu infantil. Um paraíso onde só chega quem tem uma avó!
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Alecrim, por Tita Ancona Lopez
Gostava de regar o jardim no final da tarde, a minha avó. Então, o ar ficava com aquele cheiro de planta regada, que só antigamente se sentia. Durante o dia costurava, fazia tricô, um para cada neto, um para cada bisneto e quando pensava que ia acabar a fila, sempre nascia mais um.
Continuar lendoA MINHA ASTRONAUTINHA, por Lilian Kogan
De repente, me pergunta onde estava minha mãe.
– No céu, Alice. Uma estrelinha lá no céu.
– E você vê ela?
– Vejo à noite, quando tem estrelas no céu. Mas ela também está aqui no meu coração.
– E seu pai, vovó?
– Ele também está lá no céu.
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Ser avó, por Liliana Wahba
Ser avó é ter amores redobrados
Escrever histórias gravadas na profundidade da alma
Redescobrir o encantamento do mundo
e renovar visões inesperadas
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Avonidade, crônica de Carlos de Castro
Pesquisei um pouco. Achei referências acadêmicas a avosidade; já o GPT sugeriu avoanidade. Não, não, obrigado. Já que nenhuma delas consta dos dicionários, nem do vocabulário ortográfico da Academia Brasileira de Letras, enquanto os especialistas não se pronunciam vou ficar mesmo com a palavra que me ocorreu de início. Então, por favor dicionários digitais, incluam “avonidade”: vínculo imaterial de afetividade entre avós e netos.
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Vó,
por Bettina Lenci
-“Vó, cuidado, tem um degrau ali”! – “Vó, deixa que eu carrego”! -“Vó, eu te acordo quando for a hora”! -“Vó, deixa que eu pego
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FLECHA NOVÍSSIMA, por Luciano de Castro
(Para Ana Rita)
Esse negócio de escrever pra neto — nascido ou prestes a nascer — não é novidade na literatura. Basta uma olhadela no Google, e lá se encontrarão, aos montes, registros enternecidos de avôs e avós arrebatados pelo encanto da “avonidade”. Em 1980, Hélio Pellegrino escreveu um bilhete pro seu neto Francisco, que acabara de nascer. A amorável cartinha, donde roubei o título desta crônica, deveria ser entregue ao rapaz apenas na virada do século: dia 31 de dezembro de 1999, quando Chico estivesse com 20 anos.
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Soneto a neto
por Eder Quintão
(Para Bernardo P. Quintão)
Tece criança uma prece/Ao sol que paira perene/Grata quando amanhece/À luz que fornece solene/Sempre que à terra desce/E a noite logo esmorece
Bye bye vesícula biliar, por Pricila Marchese, nossa autora convidada
A finitude me perseguia. Comi a última bolacha do pacote. Judith, a gata, fez companhia durante minha caminhada na esteira, com os olhos fixos e apaixonados como nunca. Terminei algumas crônicas que estavam em andamento . Será mesmo que vou desta para melhor? Chegando ao hospital, fomos encaminhados ao quarto.Coloco aquela camisola que mais parece o traje perfeito para a entrada no reino dos céus.
Continuar lendoMoça branca da cidade, por ELISABETH FERRONI, nossa autora convidada
Wekanã tenta mergulhar a cabeça, limitado pelas boias de braço que coloco todas as manhãs, receosa de que meu filho se afogue em mar sem ondas. O esforço vale a pena pelo sorriso que me devolve. Pele morena avermelhada, olhos grandes pretos, cabelo preto liso, franja curta. Corte tipo tigela, era como eu e minhas colegas de faculdade costumávamos chamar aquelas cabeças indígenas na primeira vez que cheguei por aqui.
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