“Nosso século XX é o século do medo” escreveu Albert Camus em 1946 sob o título “Nem vítimas, nem carrascos”. Esse medo, inerente à história da humanidade, se reacende em determinados períodos: “um medo coletivo pesando em nossos corações”, foi escrito por Jung em 1958.
Continuar lendoDo que me lembro de Mengálvio, memórias futebolísticas de Carlos Schlesinger
Mengálvios, não devem existir muitos. Não sei por que cismei com ele hoje. Deve ser por causa da ausência de heróis, que levam a gente a invocar a turma do segundo escalão. Os atores coadjuvantes da vida, sempre tão necessários…
Continuar lendo#autoraconvidada
Blanche de Bonneval e o armário de tia Louise
Na propriedade dos meus pais, em Belvès Val d´Or, sudoeste da França, tem um corredor onde há um grande armário chamado o armário da tia Louise. Quando eu era menina e perguntava a razão do nome, todos riam meio sem jeito e desconversavam. Até que, quando me tornei adulta e perguntei novamente a respeito, contaram-me a história.
Continuar lendoColetânea: crônicas, contos, poemas e experiências multimídia dos autores do Clube dos Escritores 50mais
“Precisamos de uma tela em branco”, decidiu o psicanalista e dramaturgo Sergio Zlotnic, em um encontro de amigos. Nascia ali o Clube dos Escritores 50 +, um espaço livre e aberto para acolher a imaginação dos escritores maiores de 50.
Continuar lendoEpigramas políticos, por Eder Quintão
Político/Voto laça/Como coruja/
Bicho caça/Político/Em voto que pede/É urubu/Em carne que fede
Curiosidades Catalãs de Lilian Kogan
Era o início de uma agradável e iluminada noite de verão. As ruas repletas de jovens com taças de cava em uma mão e o Dju – a coqueluche do cigarrinho eletrônico de sabores exóticos vendidos em todas as esquinas – na outra. Crianças equilibrando bolas de sorvetes coloridas que já escorriam pelos dedos; velhinhas de braços dados rindo alto
Continuar lendoA Música, de Carlos de Castro
És mistério/Prazer/Caminho de Luz/
És afeto/Abraço/Sangue pulsante/
És neblina/Sonho/Majestade
#autoraconvidada
Tita Ancona Lopez e O Caracol
Gostava de enrolar-se em si mesma, abraçando as pernas, encolhendo os músculos, enrolando o corpo, feito caracol. A cada voltinha perguntava-se se estaria ficando pequena o bastante, redonda o bastante. Quando criança vira uma minhoca enrolada assim feito caracol, tal qual morta, durinha, podendo ser girada como se fosse uma moeda.
Continuar lendoRÉPTEIS NÃO VOAM, certo?
por Luciano de Castro
Rasteja! | Aceita tua condição de réptil | Eu sei dos teus assomos de querer voar | Sei dos deslocamentos velozes quando teus dedos lestos apenas tocam o chão |São até nobres, mas inúteis, pois logo tu te cansas e te deténs e voltas a rastejar
Voltas a raspar tua barriga branca na terra marrom e áspera. Rasteja!
Bilhete a um amigo, de Silvia Ancona Lopez
Recebi seu último livro e quero lhe contar que poesia eu não leio. Saboreio. Saboreio devagar e de uma forma totalmente diferente das minha outras leituras.
Continuar lendoINOCÊNCIA, conto triste de Lourdes Gutierres
A pipa deixei junto à luminária do teto; era no céu do morro do gado que o colorido dela relampejava naquelas nossas tardes de domingo.
Do tempo que nos deixou, guardei seus traços. O rosto de contornos variados, ora redondo, ora oval. Bigode usava sempre, barba às vezes.
Continuar lendoA cidade em movimento e a casa ameaçada de Leonardo Quindere
Naquela rua não reconheci mais nada, todo o quarteirão demolido, só restava uma casa, no meio, solta. Fazia anos que eu não passava por ali.
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