Você fechou os olhos há pouco mais de duas horas, e, segundo meus amigos rabinos, sua alma está por aqui, começando a caminhada para o Gan Éden. Todos já se foram, e rapidamente. Agora, totalmente só, encontro apenas você para me fazer companhia.
Continuar lendo#boasleituras
Carpas na banheira (de Loeb)
por Sergio Zlotnic
Com incrível facilidade a autora se cola na pele de outras pessoas (gente que ela vai buscar sabe deus onde). E absorve, canibal, as suas gramáticas estrangeiras. Às vezes, nos melhores casos, a autora desaparece (sem deixar vestígios!). Fica somente o personagem, ali, sozinho, errante, no meio da página.
Continuar lendoREALIDADE AVATARESCA,
por Bettina Lenci
crônica, puxão de orelha, pura perplexidade?
Venho do século passado imbuída desta percepção retrógada sobre o que pode ser definido como arte e seus limites e esbarrei hoje num vídeo que se intitula “SAVAGE X FENTY SHOW” no qual Rihanna é a protagonista.
Continuar lendoPablo Neruda e o corrupião goiano
crônica de Luciano de Castro
A conexão de Neruda com Goiás seria sacramentada por algo ainda mais forte, um presente vivo e emplumado que recebera de uma escritora goiana: um vistoso corrupião. De toda a avifauna brasileira, o corrupião ou sofrê é uma das espécies mais interessantes, tanto pela belíssima plumagem como pelo canto melodioso, mas também pelo comportamento.
Continuar lendoO Último Leitor, de Ricardo Piglia, e a Livraria Cultura, juntos na crônica de Carlos de Castro
Salvemos esse templo onde infinitas relações entre livros e leitores foram geradas, que tem servido de palco para inúmeros encontros com escritores, ponto de resistência das relações presenciais entre amantes da vida literária e do universo paralelo da cultura.
Continuar lendoMag, Ines e Ana, conhece essa marchinha?
Leia Quando o carnaval chegar,
de Carlos Schlesinger
Na primeira infância, as marchinhas do passado, as meninas vestidas de bailarina, com purpurina no rosto. Um cheiro de lança-perfume no ar, as bisnagas douradas Rodouro, então consideradas inofensivas, as serpentinas multicoloridas, as bandas mambembe do clube tocando Mulata Bossa Nova
Continuar lendo#écarnaval
quem é DONA YAYÁ, a musa do bloco,
por Lourdes Gutierres
Hoje o casarão em que viveu é sede do Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo. E as escavadoras da memória do Bixiga saem no Carnaval para contar a história de Sebastiana de Melo Freire — Dona Yayá : “Com tudo que fazia, que não era coisa pouca, com tanta hipocrisia, foi trancada como louca…”.
Continuar lendoO SONHO DE OFÉLIA,
por Lourdes Gutierres
Apenas um sonho, nada mais. Foi o que a mãe de Ofélia afirmara após ouvir seu relato ao despertar. Ela preferia acreditar nisso, entretanto a dúvida persistia: será mesmo? Quando na noite seguinte acordou sobressaltada com a mesma cena, entendeu não ser aquilo mera coincidência, teria de buscar o significado daquele sonho: um homem sem cabeça pedindo para que lhe acendesse uma vela…
Continuar lendoCarlos Schlesinger em
Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém…
São muitas as Jerusaléns, todos sabem. Também as minhas. As imaginárias e as vividas. As épicas e as reais.
Continuar lendoPor um fio …
crônica de Lilian Kogan
Por um fio de cabelo, a vida da iraniana Mahsa Amini foi apagada. Um espancamento brutal pela “polícia dos bons costumes”. Tinha vinte e dois anos. Morreu por uma mecha de cabelo que ficou de fora do véu islâmico. (…) o lembrete escrito a sangue fresco para que todas as mulheres daquele país prestem atenção quando uma dentre elas não cobrir seus cabelos
Continuar lendoSonhos, por Leonardo Quindere
Logo cedo, ali pelos dezoito anos, foi selecionado entre vários meninos para ser auxiliar de sapateiro. Parecia um emprego simples, mas não era. A sapataria era de luxo e pagava três vezes mais do que qualquer outra. O negócio era sólido como uma rocha e prometia vida e velhice seguras. Parecia pouco para o menino Eustáquio que gostava de estudar, ler e sonhar.
Continuar lendoBettina Lenci, em Portugal:
Um oceano
“O Brasil foi colônia de Portugal por 400 anos”, penso, ao deitar meu olhar no horizonte. Acomodada sobre uma pedra cavada pelo vento, encimada sobre uma rocha, contemplo ondas espumosas a bater na muralha de pedra cuja altura pode induzir a um suicídio, por tão sublime visão.
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