… quando vi, de repente, um enorme dromedário aparecer na minha frente, saído do nada. Ele estava babando muito e literalmente dançando, dando voltinhas, cruzando as patas, escorregando no asfalto e dando saltos, antes de cair, levantar e recomeçar suas piruetas.
Continuar lendoVou te contar, crônica musical de Carlos de Castro
A história da letra de Wave é conhecida, mas não custa relembrar. Tom Jobim havia composto a música e pedira a Chico Buarque para fazer a letra. Ocorre que havia um prazo para entregar o trabalho: seria tema de uma novela. O prazo se esgotando e nada do Chico entregar a letra. Quando Tom faz uma última cobrança, Chico avisa que ainda não conseguira fazer a letra, mas já tinha o primeiro verso: “vou te contar”.
Continuar lendoBranco e Preto,
poema de Eder Quintão
Tua brancura
Como de flores
Nesta alvura
Exala odores
E cores reflete
Da pele pura
Que te reveste
De candura
Mas tua pele escura
Absorve as cores
E nesta labuta
Emana suores
Na dura luta
Da desventura
Que te enluta
Preta, pobre e puta
Continuar lendoPODER DE MUITAS,
crônica de Lilian Kogan
A manicure perguntou apontando a caixa de esmaltes:
– Qual cor gostaria?
As opções eram muitas. Eu ia levantando os frascos e lendo o nome das cores, todos muito poéticos, até que me deparei com um chamado: “Poder de Muitas”.
Continuar lendoO desespero do escritor
por Lilian Kogan
Vou pro Word em busca do texto e qual não é minha surpresa ao deparar com todo meu arquivo em branco. Começa a busca frenética, a cabeça a mil tentando lembrar onde poderia estar. Tento de várias formas, buscando pela palavra central, ou pela última, nada. Volto pros backups, tudo ok e nada no Word. Tento outro texto mais recente. Zero! As pastas vazias!
Continuar lendoA mixirica,
por Silvia Ancona Lopez
Em uma tarde preguiçosa decidi comer uma mixirica. Ou mexerica? Não importa! Comecei a descascá-la e me percebi admirando sua cor, seu brilho, a organização dos gomos e a facilidade para tirar sua casca. Pensei: é um belo design, teria sido criado por Deus?
Continuar lendoEra uma vez…
por Bettina Lenci
A sabedoria dos velhos chega não porque eles são mais experientes. Ela aterriza porque estão mais cansados.
Não cansados da vida, cansados de aprender sobre ela.
Trespasse,
por Sylvia Loeb
Às 12:20 a luz do sol bate inclemente, fazendo com que a sombra flutue deslocada do corpo, que se move com hesitação. A ilusão da luz faz acreditar que são quatro as pernas, em vez das duas, delgadas, que tentam escalar a parede lisa. Ela tenta e cai, tenta e cai…
Continuar lendoÀs mulheres que nos nutrem,
Lilian Kogan e as mãos que serviam o Pessach
Havia sempre um aroma convidativo no ar. Essa alegria de fazer para os outros me contagiava. Ficar na cozinha era um verdadeiro prazer. E poder ajudar era quase celestial. A colher de pau estendida com a mão de uma delas por baixo, a segurar, para não vazar, o caldo que escorria para dentro da boca, à espera, em coro suspenso, do seu veredito – “mais sal” ou “menos sal” – me colocava no Olimpo da culinária judaica.
Continuar lendoA MORTE EM VERMELHO E PRETO,
por Blanche de Bonneval
A situação politico-militar em Duchambé, capital do Tadjiquistão, estava muito ruim neste momento e tivemos de ficar vários dias em casa por causa dos embates
Continuar lendoDOIS PATINHOS NA LAGOA
ou o dia em que a galinha d’água fez quá quá quá,
por Luciano de Castro,
Sentado num dos bancos verdes do Clube Naval (aqueles que ficam bem próximos à Lagoa), eu lia um Drummond de 1957 quando uma vozinha infantil roubou minha atenção: “patinho, patinho, vem aqui, patinho”. Olhei pra esquerda e vi, agarrado à grade de proteção, o rapazinho de uns 5 anos que insistentemente chamava pelo morador lacustre.
Continuar lendo“FIZ PORQUE AMEI”, por Bettina Lenci
O homem baleia é um homem culto . Professor de literatura online, generoso com seu saber e que deseja transmiti-lo aos alunos. Continuadamente, enquanto ensina, insiste ser necessário ter coragem para encontrar o seu lugar ao escrever e, para reforçar tal convicção, afirma mais de uma vez que seus alunos precisam “ser verdadeiros consigo mesmos”
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