A tabela “científica” mostra que a lei é notavelmente igual para todos, tanto assim que, embora sejam identificados como eleitores bastante diferentes – no sentido de que não votam nos mesmos candidatos – eles são muito semelhantes em alguns pontos (mostrados em “bold”), obviamente cruciais, o que é fundamental para melhor distingui-los. Isso fica muito claro nos exemplos compilados na tabela abaixo salientando a irrelevância das diferenças frente ao império da igualdade que os aproxima tanto (asterisco no rodapé, embora menos relevante, no item que permite distingui-los mais claramente).
Continuar lendoEclesiastes 1:9 ou nada há de novo sob o Sol, reflexões contemporâneas de Carlos Schlesinger
E nós que amávamos tanto a revolução, que simpatizamos aos vinte anos com todas as causas populares que nos apareciam justas, onde ficamos e onde estamos ? Onde ficaram os cinemas das galerias, os bares para discussoes filosóficas e opção entre a Revolução Chinesa e a Cubana?
Continuar lendoÀs vezes eu volto,
Regina Valadares conversa com o Rio de Janeiro
sobre amores e fantasias
E quando vejo aquela paisagem, parece que vira uma chave dentro de mim. Eu volto. Mudo de alma. Volto. E voltar é muito bom. Mesmo quando não existe mais o que deixei. Mesmo quando não existe mais aquela que partiu. E lá vem aquele sorriso bobo, aquela alegria saltando dos olhos. O Cristo lá longe, o Pão de Açúcar ali e a freada louca do avião…
Continuar lendoAvenida Baxter,
crônica irônica e indignada
de Eder Quintão
Para os que nunca ouviram dela. Não era no exterior: era aqui mesmo, e longa, contornando dois corredores do hospital. Apensos aos postes hospitalares, refletindo
Continuar lendoIlhados na pobreza, crônica de Lilian Kogan
Na livraria do shopping, a mãe diz para o filho adolescente: “filho, é muito caro. Dessa vez, não vai dar.” Na mão do menino, um livro. O garoto ainda tenta: “mãe, eu já não pude comprar o tênis, nem a capinha do celular e, agora, não posso ter nem esse livro? Reparo na mãe, uma mulher bem simples. Ela olhava para o livro e para o filho, resignada.
Continuar lendoA Luz, a Sombra e o Tempo, por Carlos de Castro
Ganha largueza o panorama visto do alto. Vive-se um “aquecimento” do
tempo e, intuitivamente, percebemos o aumento da velocidade com que gira o
dia-a-dia em nossa pequena megalópole. Apesar disso, o tempo por vezes relaxa, espraia. Aqui e ali dá “um tempo” para si mesmo. Como pode?
Impressões machadianas, de Eder Quintão
Todos temos nossas impressões machadianas. Como a minha. Quando trabalhava na Rockefeller University, em Nova York, na década de 1960, conheci a esposa de um estudante que se apresentou numa festa como sendo neta de Thomas Mann. Estudava literatura. Perguntou-me se conhecia o maior escritor da língua portuguesa, um tal “Mequeido”. Espantou-se muito quando respondi que não conhecia. Prudente, pedi que soletrasse “Mequeido”: era M-A-C-H-A-D-O!
Continuar lendo#autorconvidado
Francisco Rohan de Lima
Brás Cubas vive!
“Um dia de manhã…
pendurou-se me uma ideia no trapézio que eu tinha no cérebro”
Brás Cubas, in “Memórias Póstumas…”
CARAMELO, por Lourdes Gutierres
Já não há mais gente por aqui, não há mais casas, só se enxergam os telhados.
E, em um deles, o cavalo sustenta seu corpo, tenta se equilibrar na superfície
inclinada, seu olhar se estende no mar barrento e, entre tantos objetos arrastados, o corpo de um homem segue inerte nos tropeços das ondas. A noite tinge de tristeza o coração do cavalo em cima do telhado, sente frio, fome, mas precisa estar atento, patas firmes, olhos abertos.
Yamamura, por Lilian Kogan
Quando eu tinha uns 12 anos, Lilian, minha amiga e xará, veio com uma novidade incrível. – Vamos lá na loja Yamamura, quero te mostrar algo diferente que você vai adorar. Era o início dos anos 70 e da loja de lustres, que cresceu incrivelmente nos anos vindouros. Ficava numa rua entre a Rua da Consolação e a Avenida Angélica, era pequena e guardava um segredo bastante difundido na colônia nipônica, um cabelereiro no fundo da loja. É claro que precisávamos ir lá.
Continuar lendo#sobreliteratura
ESCRITORA EM CRISE, por Zulmara Salvador
Eu queria escrever um romance. É muito lindo romance…Mas me deu preguiça antes de começar, porque romance tem que ter o personagem principal, que transita por vários núcleos de outros personagens, e tem que acontecer um monte de coisas com o tal personagem e seus núcleos todos e, ainda por cima, tudo tem que fazer um certo sentido, mesmo que não tenha sentido nenhum, e os personagens têm que se relacionar e o sol tem que nascer e a lua tem que brilhar e passarinhos têm que cantar e o personagem tem que ter um cachorro, ou gato
Continuar lendo#mães
Dia das Mães em quatro estações,
por Eder Quintão
Na primavera
Com carinho dela
Fui nela
Concebido
E nasci