Clube dos Escritores 50+ Eder Quintão Iguais

Iguais ante a lei, tabela científica de Eder Quintão

A tabela “científica” mostra que a lei é notavelmente igual para todos, tanto assim que, embora sejam identificados como eleitores bastante diferentes – no sentido de que não votam nos mesmos candidatos – eles são muito semelhantes em alguns pontos (mostrados em “bold”), obviamente cruciais, o que é fundamental para melhor distingui-los. Isso fica muito claro nos exemplos compilados na tabela abaixo salientando a irrelevância das diferenças frente ao império da igualdade que os aproxima tanto (asterisco no rodapé, embora menos relevante, no item que permite distingui-los mais claramente).

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Clube dos Escritores 50+ Regina Valadares Volto

Às vezes eu volto,
Regina Valadares conversa com o Rio de Janeiro
sobre amores e fantasias

E quando vejo aquela paisagem, parece que vira uma chave dentro de mim. Eu volto. Mudo de alma. Volto. E voltar é muito bom. Mesmo quando não existe mais o que deixei. Mesmo quando não existe mais aquela que partiu. E lá vem aquele sorriso bobo, aquela alegria saltando dos olhos. O Cristo lá longe, o Pão de Açúcar ali e a freada louca do avião…

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Clube dos Escritores 50+ Eder Quintão Impressões machadianas

Impressões machadianas, de Eder Quintão

Todos temos nossas impressões machadianas. Como a minha. Quando trabalhava na Rockefeller University, em Nova York, na década de 1960, conheci a esposa de um estudante que se apresentou numa festa como sendo neta de Thomas Mann. Estudava literatura. Perguntou-me se conhecia o maior escritor da língua portuguesa, um tal “Mequeido”. Espantou-se muito quando respondi que não conhecia. Prudente, pedi que soletrasse “Mequeido”: era M-A-C-H-A-D-O!

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Clube dos Escritores 50+ Lourdes Gutierres Caramelo

CARAMELO, por Lourdes Gutierres

Já não há mais gente por aqui, não há mais casas, só se enxergam os telhados.
E, em um deles, o cavalo sustenta seu corpo, tenta se equilibrar na superfície
inclinada, seu olhar se estende no mar barrento e, entre tantos objetos arrastados, o corpo de um homem segue inerte nos tropeços das ondas. A noite tinge de tristeza o coração do cavalo em cima do telhado, sente frio, fome, mas precisa estar atento, patas firmes, olhos abertos.

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­Yamamura, por Lilian Kogan 

Quando eu tinha uns 12 anos, Lilian, minha amiga e xará, veio com uma novidade incrível. – Vamos lá na loja Yamamura, quero te mostrar algo diferente que você vai adorar. Era o início dos anos 70 e da loja de lustres, que cresceu incrivelmente nos anos vindouros. Ficava numa rua entre a Rua da Consolação e a Avenida Angélica, era pequena e guardava um segredo bastante difundido na colônia nipônica, um cabelereiro no fundo da loja. É claro que precisávamos ir lá.

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#sobreliteratura
ESCRITORA EM CRISE, por Zulmara Salvador

Eu queria escrever um romance. É muito lindo romance…Mas me deu preguiça antes de começar, porque romance tem que ter o personagem principal, que transita por vários núcleos de outros personagens, e tem que acontecer um monte de coisas com o tal personagem e seus núcleos todos e, ainda por cima, tudo tem que fazer um certo sentido, mesmo que não tenha sentido nenhum, e os personagens têm que se relacionar e o sol tem que nascer e a lua tem que brilhar e passarinhos têm que cantar e o personagem tem que ter um cachorro, ou gato

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