A tabela “científica” mostra que a lei é notavelmente igual para todos, tanto assim que, embora sejam identificados como eleitores bastante diferentes – no sentido de que não votam nos mesmos candidatos – eles são muito semelhantes em alguns pontos (mostrados em “bold”), obviamente cruciais, o que é fundamental para melhor distingui-los. Isso fica muito claro nos exemplos compilados na tabela abaixo salientando a irrelevância das diferenças frente ao império da igualdade que os aproxima tanto (asterisco no rodapé, embora menos relevante, no item que permite distingui-los mais claramente).
Continuar lendoEclesiastes 1:9 ou nada há de novo sob o Sol, reflexões contemporâneas de Carlos Schlesinger
E nós que amávamos tanto a revolução, que simpatizamos aos vinte anos com todas as causas populares que nos apareciam justas, onde ficamos e onde estamos ? Onde ficaram os cinemas das galerias, os bares para discussoes filosóficas e opção entre a Revolução Chinesa e a Cubana?
Continuar lendoA VISITANTE, conto de Zulmara Salvador
– Uai. Todo mundo tem meio medo da gente, da minha cara sem dentes, do cachorro sarnento.
– Ele morde?
– Não. O coitado nem tem mais dente. Que nem eu.
– Pena. Cachorro sem dente sofre mais que gente. Mais que gente sem dente.
– Aí a senhora falô coisa certa, viu? Eu me viro. Ele fica lambendo os osso que o Freire dá, num desespero.
CONTRAFACE, poema de Luciano de Castro
contraface con.tra.fa.ce
nome feminino
1. lado oposto à face frontal
2. superfície que se situa no lado oposto ao que se observa; reverso
3. figurado aquilo que é oposto a; contrário
4. figurado parte de algo que está oculta ou escondida
Dois poemas de amor, por Silvia Ancona Lopez
Os vinte anos que juntos vivemos
deixaram em mim uma marca que é tua,
pois vezes há que já não sei
se o que sinto, sinto porque é meu
ou se tenho um sentimento que é teu.
Às vezes eu volto,
Regina Valadares conversa com o Rio de Janeiro
sobre amores e fantasias
E quando vejo aquela paisagem, parece que vira uma chave dentro de mim. Eu volto. Mudo de alma. Volto. E voltar é muito bom. Mesmo quando não existe mais o que deixei. Mesmo quando não existe mais aquela que partiu. E lá vem aquele sorriso bobo, aquela alegria saltando dos olhos. O Cristo lá longe, o Pão de Açúcar ali e a freada louca do avião…
Continuar lendoÍMPAR, poema de Tita Ancona Lopez
Sou o ímpar que restou
do par que pouco fomos,
o sorriso que sobrou
do sonho que sonhamos.
Avenida Baxter,
crônica irônica e indignada
de Eder Quintão
Para os que nunca ouviram dela. Não era no exterior: era aqui mesmo, e longa, contornando dois corredores do hospital. Apensos aos postes hospitalares, refletindo
Continuar lendoO poema que não veio, de José Carlos Peliano
Um poema me chamou agora há pouco
acenou com o impulso e suas vibrações/me preparei com os dedos atentos/o laptop de boca aberta sorrindo/mas ele ainda não me veio
Ilhados na pobreza, crônica de Lilian Kogan
Na livraria do shopping, a mãe diz para o filho adolescente: “filho, é muito caro. Dessa vez, não vai dar.” Na mão do menino, um livro. O garoto ainda tenta: “mãe, eu já não pude comprar o tênis, nem a capinha do celular e, agora, não posso ter nem esse livro? Reparo na mãe, uma mulher bem simples. Ela olhava para o livro e para o filho, resignada.
Continuar lendoO alimento dos Ogros, crônica fantástica
de Liliana Wahba
Um promotor de Vitória, Espírito Santo, aconselha a mulher a ‘segurar o facho’ e voltar com o marido que a agride violentamente, acusado de tentativa de feminicídio. Alega que é necessário manter a união da família para proteger os cinco filhos do casal.
Continuar lendoA Luz, a Sombra e o Tempo, por Carlos de Castro
Ganha largueza o panorama visto do alto. Vive-se um “aquecimento” do
tempo e, intuitivamente, percebemos o aumento da velocidade com que gira o
dia-a-dia em nossa pequena megalópole. Apesar disso, o tempo por vezes relaxa, espraia. Aqui e ali dá “um tempo” para si mesmo. Como pode?