“Precisamos de uma tela em branco”, decidiu o psicanalista e dramaturgo Sergio Zlotnic, em um encontro de amigos. Nascia ali o Clube dos Escritores 50 +, um espaço livre e aberto para acolher a imaginação dos escritores maiores de 50.
Continuar lendoEpigramas políticos, por Eder Quintão
Político/Voto laça/Como coruja/
Bicho caça/Político/Em voto que pede/É urubu/Em carne que fede
Curiosidades Catalãs de Lilian Kogan
Era o início de uma agradável e iluminada noite de verão. As ruas repletas de jovens com taças de cava em uma mão e o Dju – a coqueluche do cigarrinho eletrônico de sabores exóticos vendidos em todas as esquinas – na outra. Crianças equilibrando bolas de sorvetes coloridas que já escorriam pelos dedos; velhinhas de braços dados rindo alto
Continuar lendoA Música, de Carlos de Castro
És mistério/Prazer/Caminho de Luz/
És afeto/Abraço/Sangue pulsante/
És neblina/Sonho/Majestade
#autoraconvidada
Tita Ancona Lopez e O Caracol
Gostava de enrolar-se em si mesma, abraçando as pernas, encolhendo os músculos, enrolando o corpo, feito caracol. A cada voltinha perguntava-se se estaria ficando pequena o bastante, redonda o bastante. Quando criança vira uma minhoca enrolada assim feito caracol, tal qual morta, durinha, podendo ser girada como se fosse uma moeda.
Continuar lendoRÉPTEIS NÃO VOAM, certo?
por Luciano de Castro
Rasteja! | Aceita tua condição de réptil | Eu sei dos teus assomos de querer voar | Sei dos deslocamentos velozes quando teus dedos lestos apenas tocam o chão |São até nobres, mas inúteis, pois logo tu te cansas e te deténs e voltas a rastejar
Voltas a raspar tua barriga branca na terra marrom e áspera. Rasteja!
Bilhete a um amigo, de Silvia Ancona Lopez
Recebi seu último livro e quero lhe contar que poesia eu não leio. Saboreio. Saboreio devagar e de uma forma totalmente diferente das minha outras leituras.
Continuar lendoINOCÊNCIA, conto triste de Lourdes Gutierres
A pipa deixei junto à luminária do teto; era no céu do morro do gado que o colorido dela relampejava naquelas nossas tardes de domingo.
Do tempo que nos deixou, guardei seus traços. O rosto de contornos variados, ora redondo, ora oval. Bigode usava sempre, barba às vezes.
Continuar lendoA cidade em movimento e a casa ameaçada de Leonardo Quindere
Naquela rua não reconheci mais nada, todo o quarteirão demolido, só restava uma casa, no meio, solta. Fazia anos que eu não passava por ali.
Continuar lendoA vendedora, de Carlos Schlesinger
(e uma recordação inesquecível)
O menino se fazia, às vezes, de telefonista da casa, no nicho existente no longo corredor. Ali, uma mesa aramada, com tampo de fórmica azul imitando mármore, sustentava o aparelho telefônico. Embaixo, duas prateleiras organizando os três catálogos telefônicos da CTB, Companhia Telefônica Brasileira.
Continuar lendoVeracidade, poema-ciranda de Eliane Accioly
vera amou joão e joão entrou em sua vida e vera mentiu omitiu baniu joão e naquele amor naquele joão entrado vera não via que
Continuar lendoReflexões sobre A Orelha,
por Eder Quintão
Mas as orelhas…. As orelhas? A evolução produziu-as simples, circulares ou alongadas, sempre côncavas, singelas como as linhas da arquitetura moderna, curvas de Oscar Niemeyer…Fomos esquecidos nesse ponto no processo evolutivo. Apresenta-se em nós exuberante em geometria excessiva, redundante em suas circunvoluções.
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