Tenho escrito crônicas a partir de notícias pouco importantes, mas que, justapostas, talvez possam criar um terceiro ângulo ou uma nova conclusão sobre essas informações inúteis. Este jogo nasceu na tentativa de preencher os vazios da minha alma. Com esforço, busco recuperar algum sentido poético que esteja perambulando acima da realidade crua que passa ao meu lado, qual nuvem escura anunciando tempo de raios e trovoadas.
Continuar lendoBettina Lenci, Pablo Neruda
e a residência da memória
O jornalista tropeça em uma das calçadas de pedra descuidadas; bate o nariz no vidro de um carro e sangra muito. O acontecido o faz refletir — não sobre calçadas — mas sobre o regime de terror de Pinochet e as mortes sem túmulos de pedra. […]
Continuar lendo[abrimos um parênteses na ficção para a crônica de Bettina Lenci sobre o livro de Eliane Brum]
O livro de Eliane Brum sobre a Amazonia poderia ser um livro de ficção, mas não o é! É um alerta de urgência urgentíssima, de gravidade absurda e de pouco caso por parte do Estado e a maioria de nós, habitantes deste planeta. Cada vez mais obliterados pela facilidade e compensações da internet, desligamos o botão delete sobre o futuro e, pior, sobre a nossa consciência […]
Continuar lendodas águas, lembranças e fotografia
Bettina Lenci
Some o branco, mas imprime-se o perfil de silhuetas recortadas. Nestes espaços mutantes, nos quais a sombra das reformas molda lembranças, as câmaras escuras são as principais formadoras dos escombros da minha memória […]
Continuar lendoa vida no ar ou no tempo, por Bettina Lenci
Tomei um tempo para sentir o que, porventura, a pandemia pode ter causado de mudanças em nós e quais transformações basais pairariam, hoje, mundo afora. Sigo as indagações dos estudiosos e chego a duvidar de suas conclusões, inconclusas. Apesar de tanto conhecimento científico e tecnológico, estamos tateando, perplexos.[…]
Continuar lendoOs envelhecentes,
Bettina Lenci
Tenho uma amiga da minha idade, amiga de infância, a melhor amiga, aquela que sabe tudo sem que eu precise contar. Assustada com seus esquecimentos,
Continuar lendoDomingo, pé de cachimbo,
Bettina Lenci
Qual é o seu lugar? pergunta, amiúde, uma das novas modas da linguagem psicoterapêutica. Respondo: O meu é o domingo, dia de “fumar cachimbo”, –
Continuar lendoCerteza de nada, o novo normal,
por Bettina Lenci
Quem tiver alguma certeza, levanta a mão! No meio deste desastre, ninguém pode levantar a mão e responder: eu tenho… Vivemos o périplo – “a
Continuar lendoGabriela,
por Bettina Lenci
Gabriela guardou na memória um espetáculo de mágica. Num domingo à tarde, ainda adolescente, acompanhada de seus pais e irmãos, assistiu no Teatro Avenida
Continuar lendoA tinta do dedão,
por Betina Lenci
“Ao modelar um novo mundo, ela (a letra) deixa sua marca em todos os lugares. Ela luta com a própria substância que metamorfoseia e com
Continuar lendoHo Ho Ho,
por Bettina Lenci
“Mamãe, olha um Papai Noel preto”, exclamou a criança, apontando para ele, embalado numa caixa de celofane, na prateleira do supermercado.
Continuar lendoGE,
por Bettina Lenci
Crianças gostam de abrir a geladeira. Quando eu era criança, abria várias vezes por dia, mesmo sem fome. Às vezes por tédio, outras por vontade
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