Muito penteada, senta-se com os joelhos encostados um no outro, as mãos cruzadas no regaço, uma princesa.
Conversa com o motorista de taxi, pergunta dos filhos dele, da esposa, uma delicadeza.
Ajuda a sogra gorda que tem dificuldade para andar, gentilíssima.
Nas reuniões de família nunca deixa a conversa morrer.
É alcoólatra.
Quando perde o equilíbrio, fala alto ou ri demais, engole o choro e senta-se com os joelhos encostados um no outro, as mãos cruzadas no regaço.
Uma princesa despenteada.
__________________________________________________________________________________________
SYLVIA LOEB – É psicanalista e escritora. Visite seu site, acesse sua página no Facebook ou escreva para o email [email protected]!
Traços que desenham um personagem tão curioso – que debaixo de uma adequação banal carrega vícios!
Um conto curto e de boa pontaria. A maldade muitas vezes espreita, fazendo soar dissonâncias [o que é bálsamo para um amante de jazz, como eu].
Aqui, fui remetido a Nelson Rodrigues e a Robert Altman…
Dessas dissonâncias jazzísticas somos feitos, não acha?