Superlativa,
por Sylvia Loeb

 

 

 

Muito penteada, senta-se com os joelhos encostados um no outro, as mãos cruzadas no regaço, uma princesa.
Conversa com o motorista de taxi, pergunta dos filhos dele, da esposa, uma delicadeza.
Ajuda a sogra gorda que tem dificuldade para andar, gentilíssima.
Nas reuniões de família nunca  deixa a conversa morrer.

É alcoólatra.
Quando perde o equilíbrio, fala alto ou ri demais, engole o choro e senta-se com os joelhos encostados um no outro, as mãos cruzadas no regaço.
Uma princesa despenteada.

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SYLVIA LOEB – É psicanalista e escritora. Visite seu site, acesse sua página no Facebook ou escreva para o email [email protected]!

 

2 comentários

  1. Traços que desenham um personagem tão curioso – que debaixo de uma adequação banal carrega vícios!

    Um conto curto e de boa pontaria. A maldade muitas vezes espreita, fazendo soar dissonâncias [o que é bálsamo para um amante de jazz, como eu].

    Aqui, fui remetido a Nelson Rodrigues e a Robert Altman…

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