Sou avó há uma semana. E não chego aos pés da avó que tive. Olho pra minha netinha, aquela pessoinha mínima e penso na minha avó. Ah, como você adoraria a minha avó! Ela deixava faltar aula quando estava chovendo, fazia pudim de leite sem furinho e contava casos da África, lugar onde nunca foi, mas que me embalavam em aventuras maravilhosas. E a gente escutava novela de rádio juntas, íamos à feira juntas e até dormíamos no mesmo quarto. O ronco dela me embalava e me dava a sensação de que eu estava segura, ali, na cama ao lado. Minha avó tinha a barriga mais gostosa da gente deitar a cabeça – isso eu posso até te arranjar aqui no meu colinho. E ela sabia tudo! Curar gripe, dor de ouvido, dor de barriga. Ela sabia até assoviar, coisa que nunca aprendi! E cozinhava cada coisa tão boa. Já eu, minha pequena, sei fazer uma coisinha ou outra e também tenho certos poderes mágicos que vou te ensinar. Sei fazer o cachorro dar a pata, sei furar onda, sei fazer bolhas de sabão, sei cantar com várias vozes. Não sei costurar, como minha avó, que me fazia camisolas lindas. Crochê também não faço e trico só em linha reta. Mas adoro inventar, bagunçar, pintar e bordar. E como minha avó, tenho tempo e paciência pra ficar horas a fio com você. Contando casos, lendo história, apertando você de vez em quando, dando beijinhos, mas prometo não ser grudenta demais da conta. A gente pouco se conhece mas tenho certeza que seremos ótimas amigas e que nos divertiremos muito. Porque eu gosto muito de me divertir. Então, minha querida, bem-vinda à vida. E eu canto pra você todos os dias: bem-vinda, bem-vinda, ah que bom que você veio e você chegou tão linda, eu não cantei em vão, bem-vinda no meu coração.
PS. Essa musica é do Chico Buarque. Depois ponho pra você ouvir.
Que delícia de avó ela terá! Parabéns pela netinha. A gente ama ainda mais os filhos quando viramos avós!
Beijos da vovó Lila