Eu vivo preocupado
Pois raramente bebo
E jamais estressado
Meu fim não concebo
É que ignoro meu fado
Neste corpo tão sarado
Colesterol normalizado
Com pulmão exercitado
Vivo assim perfeitamente
Com “check up” bem feito
Corro bem diariamente
E pratico nado de peito
De longevo antecedente
Os meus se vão sorrindo
E despreocupadamente
Partem idosos dormindo
Invejo que és o felizardo
Em cada cigarro fumado
Tens o fim determinado
E como estarás acabado
Pois fiques despreocupado
Saberás teu melhor destino
Para teu corpo acostumado
Consumindo só cigarro fino
Dizes não te fazem mal
Viveste com Camel feliz
Lucky Strike e Pall Mall
Marlboro e quantos quis
Todos lindos envolvidos
Em maços tão arrumados
Concedendo-te garantidos
Teus tempos antecipados
Sei terás aterosclerose
E se viveres o suficiente
Fraturas de osteoporose
Em cadeira de deficiente
Ainda que te sustente
Verás que teu coração
Depois de botar “stent”
Anda só na contramão
És homem de tal sorte
Saber o tumor intestino
Por ser a melhor morte
Se conheces teu destino
Será câncer de laringe
Se vier com rouquidão
Mas se tosse te atinge
É certo ser de pulmão
Graças a tuas inaladas
Com cinzas de teu fumo
Em saborosas baforadas
Terás breve um túmulo
Puxa Eder, gostei do ritmo de cordel!
Devagarinho a Desconvidada avisa o que o incauto vai encontrar, logo ali.
Tá avisando , não reclama!
Adorei
Kkkkk, só vc mesmo, Eder. Dirá o fumante: será que não sou mais feliz que vc sabendo que a minha morte não tardará e que não serei castigado tendo que viver quem sabe até mais de 100 anos???
Obs- Não sou fumante!
Ah, ri muito! Muito bom, Eder!
Beijão
Foi com este argumento que fiz muitos amigos pararem de fumar. Com isto espero que tenham se divertido…. A despeito da mensagem macabra !!!
Sem dúvida um bem humorado alerta médico-artístico de nosso grande Eder: o médico-poeta que se transmuta em poeta-médico.
Poderoso alerta para leitor de sorte,
Sai da pena de Eder Quintão,
Sem razão para temer a tal morte,
Aproveita para ministrar uma lição.
Parabéns! Muito bom
Ri muito! É mesmo, liter-cordel!!!
Carlos Schlesinger: tua poesia saiu muito melhor que a minha. Vou adicioná-la à próxima edição…