Para Iracele
Hoje é dia dos tempos verbais destroçados
Da comemoração abortada
Da taça de vinho vazia
Hoje é dia dos atos de amor despedaçados
Dos anseios roubados, arrancados à força
Da saliva amarga qual melancolia
Mas hoje também pode ser dia
De arrostar a inclemência do tempo
De celebrar a fortaleza da alma que, apunhalada, resiste
De encher a taça com meu sangue tinto, depurado e triste
Elevemos nossas taças, senhores!
No lugar da revolta, brindemos à temperança
No lugar do desalento, bridemos à esperança
No lugar da dor, brindemos à própria dor
Porque digerir o infortúnio é também uma forma de amor.
Luciano Alberto de Castro, Goiânia, 09/10/2021
Lindo poema Luciano.
Os seus escritos sempre me surpreende.
Pura poesia meu caro
Que lindeza! Adorei! “Digerir o infortúnio é também uma forma de amor”
Parabéns
Gigante a dor, que se transforma em poesia.
Beleza de poema , Luciano. Sua escrita me toca e machuca.