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Poesias que se fazem,
por Eder Quintão

Faz-se poesia

Com ou sem

Ritmo e rima

Ou cadência

E sem poupar

Quantas linhas

E quão longas

Mas se anima

E é de amor

Bom humor

Ou revela dor

E todo sofrer

Inquietação

Resignação

E padecer

Faz-se

Faz-se poesia

Até pelo avesso

E sem começo

Chega seu fim

Candidamente

E sem censura

Pois a havendo

Nunca é pura

E tão inebriante

Como fez Dante

Ou em canção

Com inspiração

De tão pungente

É Mendelssohn

Cheia de alegria

Ou até tristeza

E tanto envolve

Como poesia

Que comove

Em sintonia

A beleza

Que fez

Faz-se poesia

Solerte e forte

Plena de tédio

Até nostalgia

Sem remédio

Comportada

Ultrapassada

E politizada

Ou indigente

Impertinente

Maledicente

Atemporal

E indócil

Mas se fértil

E inteligente

Será lembrada

E sempre lida

Após feita

Faz-se poesia

De linhas retas

Tortas e incertas

Desamparadas

Ainda fugidias

Vivas ou mortas

E as modestas

Quase inócuas

Bem distantes

Ou indignadas

Exasperantes

E indigentes

Não louvadas

Só imaginadas

Até rejeitadas

Que se façam

Faz-se poesia

Cheia e vazia

Contundente

Valor evidente

E mesmo inerte

Ou muito leve

Vivendo breve

Nessas folhas

Que a imprime

E se perdidas

Se desbaratam

Pois incontidas

Então revoam

Não declamam

Nem inflamam

Bem se pode

Se não lidas

Refazê-las

Faz-se

Poesia

Abstrata

Concreta

Obscena

Ilusionista

Hilariante

Fervorosa

Com diálogos

Ou monólogos

Complicadas

Ou singelas

Como gemas

Que brilham

De emoção

E fascinam

Com a luz

Que darão

Bem-feitas

Faz-se

Poesia

Tanto antes

Como hoje

Dissonantes

De justa causa

Ou nenhuma

Com vogais

E consoantes

Em desordem

Ou em ordem

Decrescente

A crescente

E harmonias

De angelicais

Às infernais

Porém delas

Façam mais

Faz-se poesia

Para lembrar

Ou esquecer

Hoje e sempre

Para renascer

Com crédito

Do pretérito

Mas que omite

Mediocridade

E a virtuosa

Ou excêntrica

E se inquieta

Enterneça

E floresça

Que dela

Mais se

Faça

Faz-se poesia

Com adjetivos

Significativos

E substantivos

Entremeados

De linhas vivas

Mais as mortas

Que esperam

Ressureição

Mas insepultas

Cabe a corvos

Profanadores

De seus versos

Trazê-la à luz

Mas perdê-la

É sofrimento

O momento  

Então fugaz

Em que se lê

A feita

Faz-se poesia

A seu tempo

A ser louvada

Negligenciada

Ou criticada

Deturpada

Refutada

Destituída

Execrada

Ou imitada

Mas amada

E musicada

Com sentido

Ou sem ele

E lembrada

Lendo delas

Mais farão

Faz-se poesia

Para esquecer

E até comover

Às lágrimas

Pouco importa

Se completas

Incompletas

Ou arruinadas

Pelo tempo

Fogo ou água

Sem mais nada

Além da capa

Que a abraça

O que um dia

Fora poesia

Que se leria

Ou faria

Faz-se poesia

No amanhecer

De noite insone

Sóbrio ou ébrio

Ainda sem saber

O que escrever

E até exaurido

Todo sensato

Ou insensato

Consegue ver

Nessas letras

Sons a tecer

Pois sempre

De sonhos

O poeta

Nasce

Feito

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