Paro no engarrafamento do Glicério: nada a fazer, esperar desentupir contemplando o chuvisqueiro que segue impassível. É quando alguns sons agudos conseguem invadir minha nave. Vem dos baixos do viaduto. Um filhote de cachorro latindo e correndo com uma criança maltrapilha de 3 ou 4 anos. Brincam felizes, alheios à manada de veículos que rasteja ao lado. A felicidade existe, vive de instantes, está ali a prova.
Continuar lendoDefendendo costumes, conto (quase imoral) de Liliana Wahba
Fez uma vida digna, casou com rapaz de boa família, teve cinco filhos, os educou bem: três homens de boa profissão e renda, duas mulheres ótimas mães de família. Após criar os filhos se dedicou a causas sociais, participava de quermesses da igreja, de grupos de caridade, arrecadava fundos nos natais para dar brinquedos às comunidades carentes e outras ações beneméritas. Era tida como caridosa, altruísta e moralmente impecável.
Continuar lendoLuciano Alberto de Castro, sobre mineirices gerais e abstratas
Erroneamente atribuído a Drummond, o poema “Ser Mineiro” foi escrito pelo patrocinense José Batista Queiroz e é uma ode ao jeito mineiro de ser (acho que Drummond não seria mesmo tão generoso)
Continuar lendoBettina Lenci às vésperas da votação para o segundo turno e o charme oculto da burguesia
Hoje é domingo, dia de reflexão. “O tempo que passa” é meu tema sobre os assuntos propostos pela vida e pela humanidade. Ele passa assim como o meu tempo e o do Brasil.
Continuar lendoLeonardo Quindere e a igrejinha
Uma igrejinha, daquelas construídas nos tempos mais recentes. Não tinha ouro, nem mármores, nem um altar cheio de esculturas. Construída e mantida simplesmente pela fé, e talvez ainda mais pelo senso de comunidade, de pertencimento a um grupo. Assim é a Igreja de São João Evangelista, numa pracinha pequena, num bairro esquecido de crescer.
Continuar lendoA queda, por Bettina Lenci
A QUEDA, título desta crônica, não falará sobre a queda do dólar, a queda dos ambiciosos, dos projetos climáticos, a desejada queda do Putin e tampouco sobre a queda de qualquer um dos dois presidenciáveis. Não falará da queda do terceiro Reich, da queda da intolerância, da colonização continuada, da queda do preconceito, da queda da não-inserção social, da queda da incidência, da queda da falta de educação, do câncer, Alzheimer e por aí vai.
Continuar lendo#livrepensar
Devoradores e asfixia: reflexões contemporâneas de Liliana Wahba
“Nosso século XX é o século do medo” escreveu Albert Camus em 1946 sob o título “Nem vítimas, nem carrascos”. Esse medo, inerente à história da humanidade, se reacende em determinados períodos: “um medo coletivo pesando em nossos corações”, foi escrito por Jung em 1958.
Continuar lendoDo que me lembro de Mengálvio, memórias futebolísticas de Carlos Schlesinger
Mengálvios, não devem existir muitos. Não sei por que cismei com ele hoje. Deve ser por causa da ausência de heróis, que levam a gente a invocar a turma do segundo escalão. Os atores coadjuvantes da vida, sempre tão necessários…
Continuar lendo#autoraconvidada
Blanche de Bonneval e o armário de tia Louise
Na propriedade dos meus pais, em Belvès Val d´Or, sudoeste da França, tem um corredor onde há um grande armário chamado o armário da tia Louise. Quando eu era menina e perguntava a razão do nome, todos riam meio sem jeito e desconversavam. Até que, quando me tornei adulta e perguntei novamente a respeito, contaram-me a história.
Continuar lendoColetânea: crônicas, contos, poemas e experiências multimídia dos autores do Clube dos Escritores 50mais
“Precisamos de uma tela em branco”, decidiu o psicanalista e dramaturgo Sergio Zlotnic, em um encontro de amigos. Nascia ali o Clube dos Escritores 50 +, um espaço livre e aberto para acolher a imaginação dos escritores maiores de 50.
Continuar lendoEpigramas políticos, por Eder Quintão
Político/Voto laça/Como coruja/
Bicho caça/Político/Em voto que pede/É urubu/Em carne que fede
Curiosidades Catalãs de Lilian Kogan
Era o início de uma agradável e iluminada noite de verão. As ruas repletas de jovens com taças de cava em uma mão e o Dju – a coqueluche do cigarrinho eletrônico de sabores exóticos vendidos em todas as esquinas – na outra. Crianças equilibrando bolas de sorvetes coloridas que já escorriam pelos dedos; velhinhas de braços dados rindo alto
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