Hoje lembrei-me das borboletas amarelas. Aquelas, que costumavam visitar a minha e a sua janela e batiam levemente as asas nos vidros. Você se lembra de que roçavam nossa face quando abríamos as vidraças para que o vento nos revoasse os cabelos, nos fechasse os olhos e nos fizesse sorrir? Havia as que entravam dentro de casa tornando a sala cheia da luz que o amarelo traz…
Continuar lendo#ecosdosarau
Viagem à Terra do Fogo,
por Sandra Silvério
Mamãe estava sentada na poltrona da sala, as pernas cobertas pela manta azul, as meias até a canela prendendo a calça do pijama. – Hoje, vamos para Buenos Aires, falei. E depois, à Terra do Fogo. Mamãe sorriu. – Pelo mar, completei. – Você sabe que eu me sinto mal, ela reclamou. – Te dou um remedinho, e estiquei a mão sobre o aparador para pegar a vitamina D. Mamãe já não vive sem isso.
Continuar lendo#boasleituras
Todos os nomes, indicação de Bettina Lenci
Leio livros. Muitas pessoas lêem. Há os que lêem muito, os que lêem pouco ou , simplesmente, não leem. Mas há os que gostam de sugerir um livro a alguém que gosta de ler. Acabo de terminar Todos os Nomes, romance escrito por José Saramago. Trata do Sr. José , obscuro funcionário de um cartório, em Portugal – que aqui leva o nome de Conservatória Geral do Registro Civil.
Continuar lendoA DESPEDIDA DA MULHER ÁGUIA,
mais uma história de Blanche de Bonneval
Acabara de me aposentar das Nações Unidas em 2005 e tinha voltado para São Paulo, a minha cidade natal. Até agora, eu percorrera o planeta e atuara em alguns dos países mais perigosos do mundo sempre tentando servir e ultrapassar os meus limites. Se eu tinha a certeza de que todas as experiências que vivenciara me levariam à uma nova vida, eu estava no momento doente e sem rumo.
Continuar lendo#autoraconvidada
Lidia Izecson, Pianista
Duas pretas três brancas, quatro brancas duas pretas, duas pretas, três brancas, quatro brancas duas pretas, duas pretas três brancas… A parede deve ficar toda branca. Mas eu sou preta, preferia pintar de preto, ia ficar mais bonita. Iam achar mais feia, todo mundo sabe que preto é mais feio que branco.
Continuar lendoCarlos Schlesinger em
Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém…
São muitas as Jerusaléns, todos sabem. Também as minhas. As imaginárias e as vividas. As épicas e as reais.
Continuar lendoPor um fio …
crônica de Lilian Kogan
Por um fio de cabelo, a vida da iraniana Mahsa Amini foi apagada. Um espancamento brutal pela “polícia dos bons costumes”. Tinha vinte e dois anos. Morreu por uma mecha de cabelo que ficou de fora do véu islâmico. (…) o lembrete escrito a sangue fresco para que todas as mulheres daquele país prestem atenção quando uma dentre elas não cobrir seus cabelos
Continuar lendoSonhos, por Leonardo Quindere
Logo cedo, ali pelos dezoito anos, foi selecionado entre vários meninos para ser auxiliar de sapateiro. Parecia um emprego simples, mas não era. A sapataria era de luxo e pagava três vezes mais do que qualquer outra. O negócio era sólido como uma rocha e prometia vida e velhice seguras. Parecia pouco para o menino Eustáquio que gostava de estudar, ler e sonhar.
Continuar lendoBettina Lenci, em Portugal:
Um oceano
“O Brasil foi colônia de Portugal por 400 anos”, penso, ao deitar meu olhar no horizonte. Acomodada sobre uma pedra cavada pelo vento, encimada sobre uma rocha, contemplo ondas espumosas a bater na muralha de pedra cuja altura pode induzir a um suicídio, por tão sublime visão.
Continuar lendoTropicão,
por Carlos de Castro
Um banco no calçadão, O Velho e o Mar, a vista de Ilhabela
São Sebastião, rua da Praia. O fato é que Amâncio chegou cedo. O comércio só abre às 9:00. Não deu oito e meia ainda. Huum, melhor esperar, caçar um café, alguma coisa para ler – existiriam bancas de jornal ainda por aqui? Opa, olha só! Um banco vazio no calçadão…Sentou-se.
4 da manhã,
por Regina Valadares
4 da manhã, não ia abrir os olhos. Não ia olhar o relógio ou acender a luz. Ia fingir que estava dormindo. Não consegui. Acendi a luz. Será que rezar adianta? Mesmo que não, eu rezo. Todos os dias. Às vezes várias vezes. Incomodo Deus com a maior liberdade.
Continuar lendoIDOSOS,
por Liliana Wahba
As mãos tremem e os olhos reluzem, condensaram a beleza que os impregnou, condensaram a tristeza do mundo, brilham porque finalmente compreenderam que as miudezas são eternas.
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