Ouve pouco, fecha-se em si mesmo – mesmo que portas se fechem, ouve
Mentes enrijece, atrofia, mata – mata adentro, espia todos os entes
Continuar lendoOuve pouco, fecha-se em si mesmo – mesmo que portas se fechem, ouve
Mentes enrijece, atrofia, mata – mata adentro, espia todos os entes
Continuar lendo– Há quantos anos nos conhecemos?
– Vixe! Não sei.
– Pensa…
– Desde 1972… faz 45 anos.
– Já testemunhou dois casamentos meus e muitas outras coisas.
– Fui eu quem armou um deles.
Está em todos os jornais, e é revoltante como Madame Fleurie vem tendo sua honra enxovalhada nas últimas semanas. Toda essa avalanche de matérias difamatórias surgiu após uma declaração da servidora numa reunião do CSJE —Conselho Superior de Jurisconsultos Estaduais.
Continuar lendoNão era muito dinheiro, ela podia comprar, tinha os seus guardados. Não era baratinho também, mas o menino merecia. Ia demorar pra poder usar, mas era um sonho aqueles lápis, vinham em uma caixa de metal com cada um desenhado na capa. O patrãozinho saberia fazer desenhos bonitos com eles, coloridos. Suas mãos agora duras não dariam conta de pegar num lápis, faltavam-lhe firmeza e destreza.
Continuar lendoEntão, como se diz em São Paulo para iniciar qualquer frase, hoje vou falar da Paulicéia. Em realidade, sobre linguagens e maneirismos, é bem verdade que o baixo Rio de Janeiro inicia suas falas hoje, com um então, o que que acontece (sic).
Então, o que que acontece? Acontece que sou carioca
Continuar lendo—Senhor Ronaldo, pode entrar, por gentileza. — Ah, obrigado. Hoje foi rápido, hein! —Sim. O Dr. Marcondes está aguardando o senhor. Segunda porta à direita.
Continuar lendo… quando vi, de repente, um enorme dromedário aparecer na minha frente, saído do nada. Ele estava babando muito e literalmente dançando, dando voltinhas, cruzando as patas, escorregando no asfalto e dando saltos, antes de cair, levantar e recomeçar suas piruetas.
Continuar lendoA história da letra de Wave é conhecida, mas não custa relembrar. Tom Jobim havia composto a música e pedira a Chico Buarque para fazer a letra. Ocorre que havia um prazo para entregar o trabalho: seria tema de uma novela. O prazo se esgotando e nada do Chico entregar a letra. Quando Tom faz uma última cobrança, Chico avisa que ainda não conseguira fazer a letra, mas já tinha o primeiro verso: “vou te contar”.
Continuar lendoTua brancura
Como de flores
Nesta alvura
Exala odores
E cores reflete
Da pele pura
Que te reveste
De candura
Mas tua pele escura
Absorve as cores
E nesta labuta
Emana suores
Na dura luta
Da desventura
Que te enluta
Preta, pobre e puta
Continuar lendoA manicure perguntou apontando a caixa de esmaltes:
– Qual cor gostaria?
As opções eram muitas. Eu ia levantando os frascos e lendo o nome das cores, todos muito poéticos, até que me deparei com um chamado: “Poder de Muitas”.
Continuar lendoVou pro Word em busca do texto e qual não é minha surpresa ao deparar com todo meu arquivo em branco. Começa a busca frenética, a cabeça a mil tentando lembrar onde poderia estar. Tento de várias formas, buscando pela palavra central, ou pela última, nada. Volto pros backups, tudo ok e nada no Word. Tento outro texto mais recente. Zero! As pastas vazias!
Continuar lendoSenhor/dai-me um pé carregado
de esperanças maduras/dai-me o caminho da casa de minha vó/dai-me o pedaço de inocência que esqueci lá em Minas/dai-me um verso de Adélia Prado pra eu me aconchegar e chorar