Na primeira infância, as marchinhas do passado, as meninas vestidas de bailarina, com purpurina no rosto. Um cheiro de lança-perfume no ar, as bisnagas douradas Rodouro, então consideradas inofensivas, as serpentinas multicoloridas, as bandas mambembe do clube tocando Mulata Bossa Nova
Continuar lendo#écarnaval
quem é DONA YAYÁ, a musa do bloco,
por Lourdes Gutierres
Hoje o casarão em que viveu é sede do Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo. E as escavadoras da memória do Bixiga saem no Carnaval para contar a história de Sebastiana de Melo Freire — Dona Yayá : “Com tudo que fazia, que não era coisa pouca, com tanta hipocrisia, foi trancada como louca…”.
Continuar lendoCORAÇÃO VERMELHO,
poema de Luciano de Castro para Cora Coralina
Amo tua palavra crua/ Teus versos com gosto de chão/ Tua prosa decidida, arcaica, vigorosa/ Amo tua palavra reta, sertaneja, cheirando a flores do mato/ Tua palavra fácil, água corrente, limpa e ligeira sobre as pedras do riacho
Continuar lendo#boasleituras
A Fúria e outros contos, de Silvina Ocampo, indicação de Regina Valadares
“Estou lendo A Fúria e outros contos da escritora argentina, Silvina Ocampo e me confesso embasbacada! Que escrita, que força! A cada conto uma surpresa. Um pasmo! Muito, muito boa a leitura. Não conhecia a autora, que mulher interessante e que escrita brilhante. Contente com a companhia.”
Continuar lendoO SONHO DE OFÉLIA,
por Lourdes Gutierres
Apenas um sonho, nada mais. Foi o que a mãe de Ofélia afirmara após ouvir seu relato ao despertar. Ela preferia acreditar nisso, entretanto a dúvida persistia: será mesmo? Quando na noite seguinte acordou sobressaltada com a mesma cena, entendeu não ser aquilo mera coincidência, teria de buscar o significado daquele sonho: um homem sem cabeça pedindo para que lhe acendesse uma vela…
Continuar lendoREVOADA,
por Tita Ancona Lopez
Hoje lembrei-me das borboletas amarelas. Aquelas, que costumavam visitar a minha e a sua janela e batiam levemente as asas nos vidros. Você se lembra de que roçavam nossa face quando abríamos as vidraças para que o vento nos revoasse os cabelos, nos fechasse os olhos e nos fizesse sorrir? Havia as que entravam dentro de casa tornando a sala cheia da luz que o amarelo traz…
Continuar lendo#ecosdosarau
Viagem à Terra do Fogo,
por Sandra Silvério
Mamãe estava sentada na poltrona da sala, as pernas cobertas pela manta azul, as meias até a canela prendendo a calça do pijama. – Hoje, vamos para Buenos Aires, falei. E depois, à Terra do Fogo. Mamãe sorriu. – Pelo mar, completei. – Você sabe que eu me sinto mal, ela reclamou. – Te dou um remedinho, e estiquei a mão sobre o aparador para pegar a vitamina D. Mamãe já não vive sem isso.
Continuar lendo#boasleituras
Todos os nomes, indicação de Bettina Lenci
Leio livros. Muitas pessoas lêem. Há os que lêem muito, os que lêem pouco ou , simplesmente, não leem. Mas há os que gostam de sugerir um livro a alguém que gosta de ler. Acabo de terminar Todos os Nomes, romance escrito por José Saramago. Trata do Sr. José , obscuro funcionário de um cartório, em Portugal – que aqui leva o nome de Conservatória Geral do Registro Civil.
Continuar lendoA DESPEDIDA DA MULHER ÁGUIA,
mais uma história de Blanche de Bonneval
Acabara de me aposentar das Nações Unidas em 2005 e tinha voltado para São Paulo, a minha cidade natal. Até agora, eu percorrera o planeta e atuara em alguns dos países mais perigosos do mundo sempre tentando servir e ultrapassar os meus limites. Se eu tinha a certeza de que todas as experiências que vivenciara me levariam à uma nova vida, eu estava no momento doente e sem rumo.
Continuar lendo#autoraconvidada
Lidia Izecson, Pianista
Duas pretas três brancas, quatro brancas duas pretas, duas pretas, três brancas, quatro brancas duas pretas, duas pretas três brancas… A parede deve ficar toda branca. Mas eu sou preta, preferia pintar de preto, ia ficar mais bonita. Iam achar mais feia, todo mundo sabe que preto é mais feio que branco.
Continuar lendoCarlos Schlesinger em
Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém…
São muitas as Jerusaléns, todos sabem. Também as minhas. As imaginárias e as vividas. As épicas e as reais.
Continuar lendoPor um fio …
crônica de Lilian Kogan
Por um fio de cabelo, a vida da iraniana Mahsa Amini foi apagada. Um espancamento brutal pela “polícia dos bons costumes”. Tinha vinte e dois anos. Morreu por uma mecha de cabelo que ficou de fora do véu islâmico. (…) o lembrete escrito a sangue fresco para que todas as mulheres daquele país prestem atenção quando uma dentre elas não cobrir seus cabelos
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