(para Lucia N Castilho)
Por onde andas tu oh Noé?
Chamam-no do distante sul
Lá pela serra do rio grande
Onde o céu não anda azul
Não sabes que falta fazes
Nesse molhado sofrido sul
Águas não fazem as pazes
Com o Rio Grande do Sul
Nessa terra tão agreste
É certo há muita gente
Que sofrida só agradece
Por teu socorro diligente
Serei também muito grato
Se de horrível inundação
Poupares esse lindo cão
Meu bicho de estimação
E cuides de minha gata
Que odeia o aguaceiro
Teme tanto a chuvarada
Que só mia o dia inteiro
Nem deixe que se afogue
Nosso cavalo campeiro
Mesmo que se prorrogue
Chuva pelo tempo inteiro
Não falo do passarinho
Que canta com devoção
Salvo está naquele ninho
Numa árvore do sertão
Sei que invejam tua arca
Contendo essa bicharada
Peço-te pela terra amada
E por nossa casa inundada
Atenda esse povo sem sorte
Que prece sempre reza por ti
Chores no Rio Grande do Norte
Tanto quanto em nosso Chuí
Sei que és um Deus brasileiro
Chores então com mais respeito
Para que molhes o Brasil inteiro
Não só nosso chão pampeiro
Ah nosso senhor dos céus
Cesse a chuva inclemente
Que esta terra seca e fértil
Continua a te dar semente
Eder, que seu belo poema seja ouvido
Eder, que bela prece!
Oxalá seja ouvido.