Duas coisas no homem cativam Tereza: aquele olhar mortiço de Capitú em versão masculina. E a disponibilidade : “Por você tudo.” Ou, “Sou todo ouvidos. ” Mesmo que nunca seja verdade. E não é, não mesmo, mas também não é faz de conta. É e não é sendo. Para ir além, para Capitú… ops…, quer dizer para Tereza, não basta ser homem. Por exemplo, o olhar de Capitú masculino não poderia ser o do marido, por mais querido que o marido seja. Marido nunca teria um olhar mortiço, não poderia. Um marido precisa prender a escuta e a conversa, convencer a mulher que é melhor com ele que sem ele. Marido é segurança ao alcance das patas. Possessivo e dono do pedaço. Tudo que uma mulher não quereria ser para um homem, possessiva, bovina.
No caso de Tereza ela certamente elege Capitú, tanto para a mulher que queria ser, quanto para o homem que gostaria de ter. Ou pelo menos conhecer. Caso de Tereza, inda que sabendo que além da Capitú de Machado, impossível outra. Tentar travessias, entretanto, a gente arrisca.
ELIANE ACCIOLY – É psicanalista e artista. “Aprendiz. Vivo os intervalos. Viver é surpreendente. Em certa pequena medida criamos nossas vidas. Não posso mudar o mundo, mas parcelas da vida e do mundo sim.”
Essa Tereza, onde vai parar? Atrás do olhar de Capitú… Tereza sem juízo!