O Livro dos Sentimentos III – Ternura
A ternura é a nata dos amantes
(e de todo amor irradia)
Se como o leite estão postos
(em branco sossego)
altiva e meiga
aflora
tal emana o dia
que ao vir a ser
espia
e envolve a terra ainda fria
em seu tenro afago de luz
É o tocar isento do gesto
O que nenhuma palavra diria
Silêncio de lã
ao distante soando perto
Cálido
quieto
afeto
reluz
Abraço manso de amansar desertos
Flor do agora a curar os antes
a com-sagrar instantes
a alegrar os braços da cruz
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LUIZ SAMPAIO – “Sou as palavras que sou. Cresci entre leitores e livros. Aos nove anos ganhei um diário encadernado em azul, com a palavra “Pensamentos”. Ali copiei poemas e me dediquei a grafar os sentimentos que me afligiam. Nunca mais parei. Estudei literatura, sonhando-me poeta. Sigo vivo e ativo na sonora companhia das minhas palavras. Minha canoa do amor não se espatifou no cotidiano.”