O Livro dos Sentimentos I – Amor, por Luiz Sampaio

Não há no amor
posto que humano
o dom divino do perfeito

O bom
o pleno
o eterno
o belo
doídos de tanto defeito
não vivem os nomes que têm

O berço abandonado do peito
guarda o despeito de um leito
no anseio de aguardar alguém

Cansado de buscar
um porto espreito
Deixemos à alma
o sonhar além

O seu corpo
eu aconchego a confortar meu leito
Com o meu
preencho a concha quente e meiga do seu peito

Não busquemos mais a busca do perfeito
Assim nossas imperfeições sentem-se bem
_____________________________________________________________________________________

LUIZ SAMPAIO – “Sou as palavras que sou. Cresci entre leitores e livros. Aos nove anos ganhei um diário encadernado em azul, com a palavra “Pensamentos”. Ali copiei poemas e me dediquei a grafar os sentimentos que me afligiam. Nunca mais parei. Estudei literatura, sonhando-me poeta. Sigo vivo e ativo na sonora companhia das minhas palavras. Minha canoa do amor não se espatifou no cotidiano.”

4 comentários

  1. A poeta é mágico. Como consegue pescar palavras disponíveis a qualquer um de nós, escolher aquelas que falam de amor? Como consegue, de posse das palavras que nos pertencem a todos, montar um pequeno grande /universo de deslumbramento? E ainda por cima nos abençoar, dizendo que nossas imperfeições podem se sentir bem, posto que humanos, não temos o dom divino do perfeito.

  2. Faço minhas a frase de Sylvia,

    … nos abençoar dizendo que nossas imperfeiçoes podem se sentir bem – nunca pensei nisso – posto que
    humanos , nao temos o dom divino do perfeito.
    Muito lindo seu poema.
    Mais uma vez, benvindo ao 50+. nos faltava um poeta.

  3. LUIZ!

    Seu poema dialoga com o texto de Bettina publicado logo em seguida! Especificamente com o discurso do “rabino”. São as palavras Dele em forma de poesia.

    Não busquemos mais a busca do perfeito
    Assim nossas imperfeições sentem-se bem…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *