Essa frase de Millôr Fernandes me acompanha, como dizem, “desde que me conheço por gente”. Gosto de pensar. Para pensar é necessário alimento. O alimento é a informação. A informação se apresenta a cada microssegundo em que se está vivo.
Faz tempo que as informações são repetitivas, firmes como rochas em opiniões polarizadas. Não há espaço para um terceiro lugar opinativo, sem correr o risco de ser insultada como sendo politicamente incorreta. Aliás, argumento fácil para se fechar um debate! É quando o novo ângulo para se ver um tema morre no vale da ignorância.
Será que a percepção, outrora uma colaboradora na formação de uma visão de mundo mais ampla, morreu ou simplesmente perdeu-se o interesse em indagá-la?
Qualquer que seja a razão, nas próximas crônicas ( seis ) escreverei – sob o título de MUNDO – a tentativa de manter minha percepção acordada.
Serão cinco textos intitulados: MUNDO EM SUSPENSÃO, MUNDO SUSPEITO, MUNDO INCRÍVEL, MUNDO CRÍVEL, GLOBO LUZ nos quais busco olhar nosso mundo sob um ângulo um tanto mais diversificado.
Explico: recorto e guardo informações inúteis até encontrar outras da mesma categoria, ou seja, inúteis como informação.
O jogo consiste em interligá-las e observar onde as duas informações inúteis podem gerar uma terceira informação que nada mais é do que uma hipótese. Uma hipótese ainda em formação, sim, mas que um dia poderá vir a ser uma informação útil.
Esses recortes, geralmente, são teorias que esbarram na ficção científica: informações que nada acrescentam para o nosso dia a dia, porém indicam as buscas incansáveis para descobrir de onde viemos, levantar hipóteses, pensar e até ( por que não? ) concluir alguma coisa.
Talvez, a insana polarização atual leve os cientistas a se concentrarem em novas teorias que ao nosso primeiro olhar parecem absurdas e inúteis.
Senão, vejamos:
Título no jornal: “Corpo de morango e 20 braços: o novo animal marinho”.
“Cientistas dos Estados Unidos e Australianos descobrem, nas profundezas do mar congelado da Antártica, um animal marinho desconhecido, com 20 braços e corpo semelhante a um morango”. E segue a conclusão:” os estudiosos notaram que sua capacidade de classificar adequadamente vários membros distintos adicionais dentro do gênero (Promachocrinus), só agora se tornou possível graças a um exame de DNA e morfologia física desses organismos”
Ok! Indago: a informação acima tem algo a ver, mesmo distante anos luz da realidade, com a informação que segue abaixo ?
“Pesquisa investiga como característica viral de elementos genéticos chamados Mavericks pode contrabandear DNA.”
“Os biólogos entenderam os contornos das regras de herança há mais de um século: os genes são transmitidos de pais e mães para filhos, dentro das espécies. Nos anos mais recentes, porém, eles também descobriram genes que desviam e saltam lateralmente entre as espécies – sejam os de sapos em Madagáscar que vieram originalmente das cobras, ou genes anticongelantes encontrados em peixes de água fria , como o arenque, que foram transferidos para peixes da família Osmeridae.
O artigo é longo, mas intrigante, vale a pena prosseguir:
“Elementos genéticos chamados Mavericks (algo como dissidentes, contrabandistas de DNA) foram detectados em uma ampla gama de animais, tanto vertebrados quanto invertebrados e apresentam muitas características encontradas nos genomas dos vírus”.
Será que os tais Mavericks – elementos genéticos que saltam lateralmente – se transmutaram para o Morango de vinte braços, milhões de anos atrás, a exemplo do sapo de Madagascar que recebeu o gene da cobra tornando-os da mesma espécie , mas com formas diferentes?
Será que carregamos em nós Mavericks capazes de se transmutar para a mesma espécie, o Homem, e assim criar uma nova linhagem de gêneros?
Betinna, eu ri muito. Adoro suas crônicas! Muito perspicaz e divertida!
Beijão,
Lilian
Obrigada querida Lilian!