Antes de começar a ler, aperte o play e entre no clima da história ouvindo Perfume de Gardênia, com Waldick Soriano
Marilda, de alma pura e inocente, era muito bonita. Cheirosa, tinha lindos olhos brilhantes, boca carnuda com sorriso fácil, cabelos negros, sedosos, ondulados. O corpo, cintura fina, seios fartos, coxas grossas e roliças. Marilda era uma tentação.
Dançava bem, nos bailes era concorrida, não parava uma música sequer. Adorava rodar pelo salão, mesmo na maioria das vezes sentindo a ereção do parceiro de dança encostada em seu corpo. Não ligava, é coisa de homem, pensava.
Apaixonada, casou. Teve três filhos e os formou médico, engenheiro, advogado. Separou.
Há algum tempo foi convidada para um baile. Animada, correu comprar um sapato especial para dançar. Salto não muito alto e um pouco mais grosso para equilíbrio. O couro, pelica bem macia e sola fina, lisinha, boa para deslizar pelo salão.
Foi uma das primeiras a chegar, pegou uma mesa de pista, bem localizada. Pediu salgadinhos e refrigerante. Esperou.
A noite passou, o baile acabou e ela não dançou.
Marilda continua cheirosa.
Léo: curto em palavras; longo em emoção
Muito lindo… o tempo passou … Marilda continua cheirosa.
A beleza passa, o tesão provocado passa, o desejo de dançar não passa, o perfume permanece; Marilda, não espere comendo saldadinhos, dance sozinha!
Perfume de Gardênia, concentrado em Marilda.
Muito bom, Leo, curto mas certeiro!!
Da mocidade à velhice, a vida vivida em poucas e enxutas palavras.
A vida é cruel, passa depressa. É triste.
O que cada um vai fazer com isso, é a questão.
Alguns escrevem, usam da imaginação, da escrita, da música, da arte e nos presenteiam.
Viva Leo!
Boa, Léo. Cirurgicamente irônico, mas fiquei com dó da Marilda. Que perfume será que ela passa? Acho que é Coty.