Dizia que era mentira, o que lhe contassem era mentira, duvidava de fatos aparentemente certeiros e visíveis, até do clima: se chovia podia não ser chuva, mas evaporações de laboratório, se surgia o sol era aquecimento global, se lhe diziam te amo, o contrário devia ser verdadeiro. Neste mundo de interpretações não havia fatos, nada se verificava. Tudo podia ser o que parecia ou o avesso. Como não tinha meios de discernir, entender tudo como mentira tinha a mesma possibilidade de acerto, de procurar comprovar e, principalmente, eliminava hesitações.