Em Dmitri inspirado
E sons emprestados
Fiz com eles sonhos
E versos encantados
De bardo resignado
Quantas letras
Deve o poema ter
Para enternecer?
Qual talhe de estrofe
Mais comove?
“Resposta do artista
A uma justa crítica”:
Poema mais se faz
De quanto sonhar
Sem letras poupar
Não conto linhas
E poesias escrevo
Nas de amor revelo
Também importa
Não serem minhas
Palavras mortas
Nem contam emoção
Estrofes em profusão
Não incomoda se são
Escassas ou multidão
Do poema a dimensão
Mede-se pela paixão
Ao passar dos oitenta
O que um poeta tenta
É o verso que inventa
Fazer o que o contenta
Antes de seus noventa
Acaso que nem intenta
Aqui bem resumidas
Em estrofes contidas
Fizeram os poetas
Poemas de amores
Com tantas dores
Sofridas e sentidas
Em singelas linhas
Como as minhas
Quintana
Oito
A paz
A mim
Apraz
Bandeira
Onze
Se chorar
Ajoelhar
Rasgar
Não acredita
Teresa
Fernando Pessoa
Doze
Dor
De amor
Não mente
Se sente
Hilda Hilst
Treze
Mergulha
De tristeza
Em oceano
De beleza
Machado de Assis
Quatorze
A Carolina
De saudade
Genuína
Florbela Espanca
Quatorze
Perdida
De angústias
Tantas
Como a vida
Vinicius
Quatorze
Versos
Inquietantes
Tão distantes
Camões
Quatorze
Linhas
Amadas
E vividas
Muito mais
Do que as
Humildes
Minhas
Cecília Meireles
Quinze
Sublime
Canção
De amor
Que morre
Em vão
João Cabral
Quinze
Só afago
De mago
O esteta
Inventa
Cesário Verde
Dezesseis
São amores
Desta vez
Drummond
Vinte uma
Aqui se acha
O que se ama
Com tal graça
Que se abraça
Shakespeare
Vinte duas
Tempera
As tintas
Se esmera
Tanto
Quisera
Fossem
Minhas
Cora Coralina
Vinte três
Cada vez
O amor
Promove
Comove
Envolve
Gonçalves Dias
Vinte e quatro
Vida de amores
Nela sepultou
Tristes dores
Álvares de Azevedo
Vinte e quatro
Sonhar, dormir
Fazendo sentir
Moram comigo
Em meu jazigo
Chico Buarque
Vinte e oito
A sonhar
Sem se afobar
Passa o tempo
De amores
Bastantes
Castro Alves
Trinta e duas
Lidas,
Sentidas,
Vividas
Num breve
Instante
De vida
Manoel Bandeira
Quarenta e uma
Da Teresa
Falada
E tanto vê-la
Viu nada
João Cabral
Cinquenta e sete
Onde se lia
Cheiro de maresia
Amor de infância
Nada mais veria
Ao todo minhas
Cinquenta mais uma
Poeta afoito
De estâncias
Fez dezoito
Para festejar
Só por amar
Letras ao ar
Cujo intento
Foi esvoaçar
Como vento
Velas ao mar
Suas palavras brincam, pulam, você é um poeta brincalhão, não é sisudo nem mal humorado, você não é um poeta sério, faz rima, faz soneto, faz verso, faz o diabo. Brinca com os poetas, todos seus amigos, com os compositores também, e com os escritores também.Você não é um poeta serio, você não é um velho sério.Você é demais!