O apocalipse anunciado veio de pronto;
É sempre cedo para morrer.
Cavaleiros em fúria empunhavam caveiras;
Muitos diziam ser miragem.
Corpos às margens, ilusão;
Fome, quimeras;
Medo, covardia.
Realidades paralelas pavimentavam a devastação
Impiedosa e palpável.
Culpavam a fraqueza,
Como se a fragilidade humana crime fosse,
Culpavam ocultos inimigos,
Ainda que estivessem escancarados no meio deles.
Culpavam a ciência, a medicina, a física, a biologia,
Culpavam, em suma, os outros, quaisquer fossem.
Incólumes, marchavam junto aos cavaleiros da morte,
Lançando brados de mundos armados.
Cegos decretos cuspindo veneno e repelências.
Vigiem os restos,
Apaguem os traços de remanescente candor,
Saúdem a era da intemperança.
Uma beleza….
No próximo poema
Sobre o tema
Apenas espero
Não olvide o Bolsonero….
Belíssimo e tristíssimo poema, Lili.
Tanta desesperança…
Afora a tristeza e desesperança, agora o comentário sobre a escrita. Acho que você atingiu força extraordinária, as palavras enxutas, nem a mais, nem a menos funcionam como uma mensagem do fim do mundo, bela e terrorífica. Tem muita verdade e desespero no que escreve.O poeta está inteiro nesta obra. Parabéns!
Agradeço a leitura Sylvia! Compartilhar desesperos nos ajuda a buscar em nós, nos outros que nos vêem e ouvem, um respiro possível
E Eder, sua rima dá uma marchinha; já pensou se entra no próximo Carnaval sem Neros?
Muito, muito triste e atual. Me fez pensar.
“A fragilidade humana nunca esteve tão escancarada. Será que os Cavaleiros do Apocalipse ( morte, guerra, fome e pestilência ) estão chegando?”
Liliana, li o poema algumas vezes, é forte. É o que estamos vivendo, tempos apocalípticos!
Estou horrorizada com os tempos que estamos vivendo. A arte nos traz palavras e tira da mudez. Seu poema traz. Palavras, arte, o resgate da nossa sanidade. Andei muda. Estarei saindo da mudez?! Tomara!
É verdade, Liliana! Que tempos apocalípticos! Além do mais, a gente não consegue achar um culpado para o nosso medo e fragilidade.