Não saberia dizer, num ato, quem sou eu
E acho que nem existe, de fato, esse eu entidade única
Em mim, por exemplo, há vários deles, coexistindo desarmonicamente
Vejo-os contraditórios, incongruentes, vizinhos que vivem às rusgas
Eus aparentes, bem educados, lapidados pela conveniência
Eus honestos, responsáveis, que não gostam de se atrasar para o trabalho
Eus lascivos, permissivos, eivados da lícita concupiscência
Eus bondosos, afetuosos, capazes de se encantar com uma simples florzinha dos matos
Eus meninos, timoratos, desamparados, querendo colo de mãe
Eus irascíveis, impacientes, sem tempo e saco pra escutar
Eus individualistas, caramujos presumidos, travestidos de falsa modéstia
Eus casuístas, especiosos, totens do egoísmo fisiológico
Eus que na verdade são nós
Nós que na verdade são meus
Eus que na verdade são sós.
Meu caro: nota dez! nota DEZ!!! Não conheço maior que esta.
Muito obrigado pelo incentivo, Éder.
Nota dez vinda de você vale mil. Um forte abraço!
Uau!!! Que profundidade de autoconhecimento psicológico, e que habilidade literarária em expressar tamanho conflito existencial, de forma tão clara, sensível e honesta. Você descreve tão bem o conjunto de eus no ser humano. De fato, me sinto assim também, às vezes. Em maior ou menor grau, a maioria vivencia seus vários eus. Só que poucos sabem identificar, aceitar, administrar e harmonizar o convívio interno da alma mutante. Estou na luta, como você. Que o Espírito Santo, nos traga, do alto, sabedoria e paz, pra vivermos a vontade de Deus, que é boa, perfeita e agradável. Parabéns Luciano! 👏🙏🤝
Meus nós, por vezes tão amarrados, mas ao fim e ao cabo, tão sós.
Parabéns, Luciano, muito bom.
Muito bom! Como conseguimos nos equilibrar?