Sou uma senhora, me diz a imagem refletida. Sou uma senhora e preciso me acostumar com isso. Transformo-me a cada minuto em alguém que não sei bem quem é. Minhas orelhas cresceram. Minha pele é seca e muito fina. E o pescoço, ah, o pescoço! Sou essa outra pessoa. Quem eu era desapareceu sem me avisar que iria se ausentar talvez para sempre, e que deixaria no meu lugar essa aqui, de lábios finos e caídos, como se derretessem lentamente. E se me olho com bastante atenção, vejo traços de minha mãe invadindo meu rosto, redesenhando meus olhos, esculpindo meu perfil, como se ela voltasse através de mim.
No começo me assustei. Queria meu rosto de antes. Mas de uns tempos para cá acordo curiosa para ver a novidade que me espera, talvez para encontrar minha mãe, mesmo que vagamente. Talvez esperando que ela me salve ou me abençoe. Tanto faz. Quem sabe já me perdoou? Quem sabe eu já a perdoei? Mãe, se você tivesse esperado eu crescer, se não tivesse se precipitado, eu teria segurado a sua mão.
Chego mais perto do espelho, confiro com a ponta dos dedos os caminhos em mim impressos.
Sim sou outra.
Sou eu
Com tal COMEÇO os Fifites continuará bem e que não tenha FIM, só começo….
Quanta ternura por aquela que surge sem pedir licença, pela mãe que foi embora antes do tempo.
Ahhh…! também tenho encontrado minha mãe, cada vez mais.
E meu pai? Em detalhes que não me agradam, embora ele tenha sido um belo homem até o final da vida.
Lindo texto, Regina.
Regina, tocante teu texto. Eu sei bem o que é procurar a mãe, que foi tão cedo embora, dentro de nós. É estranho não ter visto o envelhecer dos pais….
Beijo