Então é Natal de novo. Estamos aqui reunidos em torno dessa mesa comprida, plena de presuntos, fios de ovos, pernis, e tantas outras iguarias que os médicos proíbem. Ponto. Impossível não evocar as festas do passado, pois embora o Natal seja um símbolo de renovação, como o Ano Novo, nos remete diretamente para as telas do passado, pintada com cores de nossa imaginação, sempre lindas em tom pastel e com a leve fumaça que deixa transparecer o rosto daqueles que já se foram.
Então é Natal. E o que você fez? Essa era a pergunta da música gravada por John Lennon e que faz tanto sucesso como se fosse um hino de exaltação e solidariedade quando, na verdade, não passava de uma reprimenda velada aqueles que, ao celebrar esse festejo, se esquecem das desgraças de tantos outros. Então, neste Natal…
Então é Natal. E o que você fez?
Neste Natal, lembre-se de mim. Parecia um apelo de amor, de compreensão, empatia, e… ou… talvez… compaixão. Não era. O slogan era, neste Natal, lembre-se de mim, dê para quem ama uma poupança da Delfim. A Delfim quebrou, o Natal ainda não. E aquele que pedia para ser lembrado continua na calçada, morando debaixo de marquise.
E pelo jeito não dava certo para os bancos desejar Feliz Natal: não adiantou nada para o Banco Nacional, por exemplo, que se arrependeu do que fez. Quero ver você não chorar, não olhar para trás, nem se arrepender do que faz…
Natal, Natal das crianças, Natal do menino Jesus. Esse ano, o Papa Francisco, numa cadeira de rodas, apareceu em uma foto contemplando um presépio em tamanho natural. José tendo a seu lado Maria, e Maria embalando no colo o menino Jesus embrulhado num kefiah, o lenço utilizado pelos árabes e palestinos no Oriente Médio, numa sugestão de que Jesus expressaria a tão decantada luta do povo palestino.
Se não me engano, estaria o menino sendo adorado por ser muçulmano. A cena midiática altamente improvável foi uma armadilha para o Santo Padre, na medida em que o menino Jesus, Yeshua, descendente da casa de Davi, nasceu judeu, numa terra judaica. E assim viveu.
E por falar em estrelas, de Davi ou de Belém, como não cantarolar a Estrela brasileira no céu azul, iluminando de norte a sul, mensagem de amor e paz, nasceu Jesus, chegou o Natal, Papai Noel voando a jato pelo céu, trazendo um Natal de felicidade e um ano novo cheio de prosperidade. Varig, Varig, Varig.
Tá aí um anúncio inesquecível, uma música que cola e que fica ecoando nessa mesa comprida, plena de pernis, presuntos, fios de ovos, bacalhau, maioneses, arroz com passas, arroz sem passas, farofa, e quem sabe, um pouco de amor em tempos revoltos.
muito bom, Carlos, de modo sutil mostra nossas mazelas, preconceitos arraigados, repetições e, ainda assim, continuamos esperando …
Obrigado! Assim é..
Adorei, uma viagem no tempo de garota…
Feliz Natal e Happy Chanukah
Obrigado!! Chag Sameach! Adorei seu texto. Tentei publicar um comentário, mas o site disse que era repetido. Paciência. Vou tentar de novo
Seu texto é simplesmente genial. Descreve o natal doce em tons suaves das lembranças de cada um enquanto escancara o Natal manipulado pela mídia. Parabéns!!!! .
Muito obrigado pelas suas palavras!
Carlinhos, adorei! Cada dia vc se aperfeiçoa mais! São lembranças inefáveis, de todos nós brasileiros remediados. Mas sua lembrança dos que nada têm é muito oportuna… parabéns!!
Querida amiga, sempre gentil
Texto bem escrito, gostoso de ler! Vc citou dois comerciais acerca dos quais falei há alguns dias. O do Banco Nacional, ótima música, péssimo pro cliente, já que ninguém que não seja da área se lembra de quem seja ele (o cliente, tadinho). O da Varig, um primor, gostaria de ter criado esse roteiro(sou roteirista), mas também não salvou o cliente. Quanto ao episódio do presépio, não dá pra acreditar que alguém teve essa idéia, alguém aprovou e alguém foi lá numa cadeira de rodas dar seu aval .Uma presepada, perdoe o trocadilho. Enfin, c’est la gauche.
Adorei seu comentário, especialmente a presepada.. o da Varig era genial, realmente, com a figura de Papai Noel voando a jato pelo céu..
obrigado