Era finalzinho do dia. Recostadas em uma imensa árvore, eu e Alice liamos a história de Alice no País das Maravilhas. Meio sonolentas de tantos afazeres do dia, quase adormecendo, vimos correr na nossa frente o coelho maluco com seu despertador na mão dizendo estar atrasado. Olhamos arregaladas uma para a outra e lá pelas tantas, não sabemos quando, começamos a segui-lo.
Continuar lendoCAZUZA, 7/7/77, crônica de Luciano de Castro
Um editor certa vez me disse que um bom texto começa com um bom título. Eu não sei se será o caso desta crônica (nem pelo título, nem pelo sumo) mas, de todo modo, o nome do artista famoso e a sequência de 4 setes foram empregados deliberadamente como artimanha pra chamar a atenção do leitor. Só que o engodo tem pernas curtas e já preciso revelar que não tratarei de fato extraordinário, envolvendo o roqueiro Cazuza, que tenha a ver com a numerologia do sete. O assunto aqui é pessoal e memorialístico.
Continuar lendona tal data,
por José Carlos Peliano
embrulho aberto, um mundo por ter dono
parava o tempo, doces fantasias
na tal data reinava um abandono
longe de tudo e perto das magias
Lápis de cor, por Leonardo Quindere
Não era muito dinheiro, ela podia comprar, tinha os seus guardados. Não era baratinho também, mas o menino merecia. Ia demorar pra poder usar, mas era um sonho aqueles lápis, vinham em uma caixa de metal com cada um desenhado na capa. O patrãozinho saberia fazer desenhos bonitos com eles, coloridos. Suas mãos agora duras não dariam conta de pegar num lápis, faltavam-lhe firmeza e destreza.
Continuar lendoBranco e Preto,
poema de Eder Quintão
Tua brancura
Como de flores
Nesta alvura
Exala odores
E cores reflete
Da pele pura
Que te reveste
De candura
Mas tua pele escura
Absorve as cores
E nesta labuta
Emana suores
Na dura luta
Da desventura
Que te enluta
Preta, pobre e puta
Continuar lendo#ecosdosarau
Viagem à Terra do Fogo,
por Sandra Silvério
Mamãe estava sentada na poltrona da sala, as pernas cobertas pela manta azul, as meias até a canela prendendo a calça do pijama. – Hoje, vamos para Buenos Aires, falei. E depois, à Terra do Fogo. Mamãe sorriu. – Pelo mar, completei. – Você sabe que eu me sinto mal, ela reclamou. – Te dou um remedinho, e estiquei a mão sobre o aparador para pegar a vitamina D. Mamãe já não vive sem isso.
Continuar lendoO PACTO, de Lourdes Gutierres
#celebração
Urdidura do destino. E nela, o cansaço pela busca de moradia. Quando dobraram a esquina, o alívio. A menina foi a primeira a avistar a placa na casa: aluga-se. Paredes descascadas, vidros quebrados, algumas manchas de mofo, ficava junto a um córrego. Dava para ver, ao fundo, o pomar abandonado e a bananeira com cachos maduros.
Continuar lendoReflexões sobre A Orelha,
por Eder Quintão
Mas as orelhas…. As orelhas? A evolução produziu-as simples, circulares ou alongadas, sempre côncavas, singelas como as linhas da arquitetura moderna, curvas de Oscar Niemeyer…Fomos esquecidos nesse ponto no processo evolutivo. Apresenta-se em nós exuberante em geometria excessiva, redundante em suas circunvoluções.
Continuar lendoCarlos de Castro no mesmo barco
Nós e a fantasia dos barcos, dos cais, do ir e voltar, das despedidas, do partir […}
Continuar lendoMahatma Gandhi,
Lourdes Gutierres
O Império alastra-se sempre. Conquista novos territórios. Deixa por onde adentra rastros de sua dominação. Traz código de conduta a que todos devem se submeter.
Continuar lendoPequeno ensaio sobre a banana,
por Luciano de Castro
Sublinhei satisfeito o seguinte trecho de uma crônica de Machado, escrita em 1894: “Onde é que não há cascas de bananas? Nem no céu, onde
Continuar lendoSAFIRA,
por Liliana Wahba
A mãe, uma cadela de pelagem espessa e brilhante preta, com manchas amarelas da raça. Herdou do progenitor o tamanho, pouco usual em fêmeas, e,
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