Eu queria escrever um romance. É muito lindo romance…Mas me deu preguiça antes de começar, porque romance tem que ter o personagem principal, que transita por vários núcleos de outros personagens, e tem que acontecer um monte de coisas com o tal personagem e seus núcleos todos e, ainda por cima, tudo tem que fazer um certo sentido, mesmo que não tenha sentido nenhum, e os personagens têm que se relacionar e o sol tem que nascer e a lua tem que brilhar e passarinhos têm que cantar e o personagem tem que ter um cachorro, ou gato
Continuar lendoOs mundos de Bettina Lenci
ou 12 crônicas sobre notícias sem importância
Tenho escrito crônicas a partir de notícias pouco importantes, mas que, justapostas, talvez possam criar um terceiro ângulo ou uma nova conclusão sobre essas informações inúteis. Este jogo nasceu na tentativa de preencher os vazios da minha alma. Com esforço, busco recuperar algum sentido poético que esteja perambulando acima da realidade crua que passa ao meu lado, qual nuvem escura anunciando tempo de raios e trovoadas.
Continuar lendoA força da grana, crônica de Carlos de Castro
– Você não estava sabendo? Só vamos ficar abertos até o final do mês.
A conversa se deu quando eu chegava a academia para um dos meus dois ou três treinos semanais. Me espantei quando vi um técnico desmontando o belo painel luminoso da entrada. Ao perguntar à recepcionista o que tinha acontecido, fui surpreendido com a resposta. Depois percebi que haviam colocado uma nota no quadro de avisos.
São Paulo se autodevora.
BARRA DO NHEMBÚ e a distribuição das cartelas de pílulas anticoncepcionais
Blanche de Bonneval
Distribuímos as cartelas de comprimidos anticoncepcionais e explicamos às mulheres como tomá-los. Avisei-as que estaria a sua disposição para sanar as dúvidas que poderiam ter.
Continuar lendo#memórias
Botões,
por Carlos Fernando de Castro
Vai pro gol!! O alerta obrigatório antes do chute contra o gol adversário continua o mesmo, mas cada época, cada local e cada geração associa esse grito a diferentes imagens e recordações. Um grito que desperta emoções. Voltemos à São Paulo da década de 60. Mais especificamente à tranquila rua Guia Lopes na Mooca.
Continuar lendo#essesnossosnetos
ALICE E A VIAGEM PARA A ITÁLIA,
por Lilian Kogan
Era dezembro e eu tinha acabado de chegar de viagem, estava com muita saudade da Alice, minha neta. Fui buscá-la na escola. – Vovó você sabia que eu vou morar na Itália? – Nossa, acabei de voltar de lá, que coincidência, Alice. Eu não estava sabendo, quando será ? – Antes do Natal, hum, não sei, talvez depois… Quanto tempo falta pro Natal? – Tá pertinho, Alice. – Tá, acho que vou depois. – Mas por que você quer morar na Itália?
Continuar lendo#autoraconvidada
A difícil arte de viver sozinho…depois dos 60
por Thaty Marcondes
Envelhecer é um treco complicadinho mesmo, principalmente quando se é sozinho. Como dizem por aí, realmente é a idade do Condor: dói tudo, além da lei da gravidade e da gravidez (no caso das mulheres) surtirem efeitos drásticos nessa época. Nem o botox disfarça mais as olheiras: “Seu caso é de plástica” – diz a dermatologista.
Continuar lendoQuestões Vetoriais (Crônica do engenheiro doido),
por Carlos de Castro
Coincidiu de São Paulo atravessar uma conjunção astral nefasta. O tráfego mais intenso da época natalina encontrou pela frente um conjunto de interdições viárias típicas de períodos pré-eleitorais, desenvolvidas pelo DMOL – Departamento Municipal de Obras Lentas. De maneira que, para não pirar enquanto pratico um pouco mais de rastejo veicular, observo o ambiente em busca de detalhes que normalmente passariam despercebidos.
Continuar lendo#boashistórias….com música
La Valse, por Carlos de Castro
Brasileiro, jovem, fazendo curso de regência em Budapeste chega ao ensaio: La Valse de Ravel. Orquestra de estudantes húngaros, naturalmente. Com sua língua inexpugnável.
OUÇA COM A MÚSICA
UM HOMEM SIMPLES,
por Lourdes Gutierres
Chega até mim a figura de meu pai que, sem nenhum afago, impunha seu código de virtudes: “nesse caso, você deve agir assim; nesse outro assim assado…”. E sempre, sempre, insistia: há de ter dignidade. Sem que nenhum Sócrates tivesse passado em sua vida, ele procurava extrair argumentos para questões diversas, do cotidiano ou mesmo da complexidade humana.
Continuar lendoÁguas turvas,
reflexão triste de Lilian Kogan
Em 2018, quando estive em Israel procurando um trabalho que fizesse sentido a uma possível mudança temporária de país, um deles me tocou em especial: Women Wage Peace – Mulheres pela Paz. Conheci pessoalmente uma das fundadoras do projeto com quem tive um daqueles típicos cafés da manhã que são puro deleite em um hotel em Tel-Aviv.
Continuar lendoDATA VENIA [odeio gente] – sergio zlotnic
Donde decorre que, agora, feita a exceção em nome da justiça, posso tranquilamente discorrer sobre a relação estapafúrdia entre ‘advocacia pífia e adjetivos úmidos’, meu tema de hoje.
Por que raios eles [os advogados] põem adjetivos em todas as peças jurídicas? Imaginam que têm inclinação à literatura? Pensam que são poetas tuberculosos? Acreditam que as grandes obras da humanidade ganham potência com adjetivos? [quando, sabemos, é justamente o contrário o que se verifica].
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