Gostava de enrolar-se em si mesma,
abraçando as pernas, encolhendo os músculos, enrolando o corpo, feito caracol.
A cada voltinha perguntava-se se estaria ficando pequena o bastante, redonda o bastante.
Quando criança vira uma minhoca enrolada assim feito caracol, tal qual morta, durinha, podendo ser girada como se fosse uma moeda.
Se ficasse bem pequena, bem redonda, bem durinha, alguém a confundiria com uma moeda?
Ou com um caracol?
Não importava com o que, mas o que mais queria era ser confundida.
Estava cansada de ser retinha, certinha, tão previdente!
Queria enrolar-se a tal ponto que quem a olhasse não saberia mais se era uma minhoca, um caracol, uma moeda, qualquer coisa…
Isso faria com que vivesse a sensação de não ser ela mesma, de ser considerada uma não pessoa.
Viver essa sensação poderia mudar todo o rumo do seu caminhar no mundo. Talvez, depois dessa experiência, poderia desenrolar-se lentamente traçando o caminho de volta para uma vida diferente.
A cabeça, depois de enrolada, nunca volta igual.
Ai como ela gostava de enrolar-se em si mesma!!!
Muito bom texto.. Pleno de sutilezas e beleza.
Que bom que você gostou!
Obrigada
Tita
Acho que a menina do conto já é uma artista. E a gente se diverte.
Obrigada Eliane. Divertir faz viver
Tita
Adorei o “ enrolar-se em si mesma”, lembra a posição fetal, aquela que se busca pra enfrentar a angústia, os medos. A cabeça saia diferente…. Pois é. Lindo o texto!
Que bom! Fico muito feliz que leu e gostou
[]
Tita
Tita, bem vinda! Há quanto tempo! A experiência de me enrolar feito caracol me é familiar. Me enrolo 3 vezes por semana. De fato a cabeça não volta igual.
Obrigada Silvia querida. Beijo
Ops Sylvia, com Y
Beijo,
Tita