Já lá ia o tempo em que se afogava a cada momento.
Afogava-se nos pensamentos que o assaltavam ininterruptamente, nas decisões que tinha de tomar.
Sentia-se sufocar procurando achar a decisão correta para que pudesse, enfim, largar a mente. Conseguia, mas não sem antes afogar-se e era só depois de muito afogamento que algum pensamento salvador trazia a decisão que, finalmente, o resgatava.
Ai que alívio!
Lá se ia o tempo do afogar-se em sentimentos que, de tão fortes, o levavam ao fundo, enquanto se debatia, procurando emergir, sem êxito. Então, afogava-se e novamente se afogava, até que fugia de qualquer coisa que sentisse, só para que não lhe trouxesse o afogamento, a falta de ar.
Já lá ia o tempo pensou, satisfeito.
Que bom que já lá ia.
Bom…
Num repente, a tristeza, enorme tomando conta, ocupando os pensamentos, os espaços, a casa, o ar.
Uma lágrima escorrendo pela barba, pelo pescoço…segurou com as mãos.
Que vontade, que vontade enorme e louca tinha de novamente se afogar
O tempo, ai o tempo. Bela imagem
Bons tempos os de afogamento, ufa!
Belo e sensível, precisamos nos afogar para emergirmos…senão, o que?