Ela está aqui, clarinha, pequeninha, palpitante, ameaçada pela minha presença. Não me mexo, não quero assustá-la.
Não temos ideia do nosso tamanho diante dos pequenos. Meu pai era imenso quando eu tinha 3 anos. À medida em que fui crescendo ele se apequenava. Quando alcancei os 20, ele virou um micróbio. Eu tinha pena dele, tão frágil, tão amedrontado diante da mão espalmada.
E esse serzinho de deus, paralisado diante do meu olhar, o que pensa, o que sente?
Não se mexe.
Nem eu.
Meu coração dispara, pulsa na testa, paro de respirar.
Levanto o pé bem devagar… e piso com força.
Um estalido macio.
Filhotes não fazem croc.
Na série pequenas crueldades nossas de cada dia, leia O menino e o pernilongo e É possível que nesse momento….
Que perigo sentir-se grande!
Ora… ora… Sylvia, que gostoso. Como disse é uma delícia ler seus textos. Por isso adoro degustar o que escreve.
Manda logo a sobremesa.
Gostoso, Leo? Arrepios, estalido macio, podemos ser cruéis, com ou sem consciência (ou meia consciência), porque … fazemos croc? Poucas linhas para infindáveis sensações.
Onde habita este ser? Sylvia evoca nossa inquietação, sem dúvida.