Da janela do meu quarto vejo um vale profundo; da janela do meu quarto, quando a tarde cai, vejo um presépio no vale, um céu furta cor, uma estrela grandona, um risco da lua crescente, um avião que passa devagar, o som das asas dos pássaros que vão dormir.
Da janela do meu quarto vejo um jardim onde passa um rato fugindo, uma mangueira pra molhar os bonsais, um balde vazio, o muro do meu vizinho onde mora um cachorro que chora.
Da janela do meu quarto vejo a noite se aproximando e quando fica tudo escuro fecho a janela e não tenho mais pra onde olhar.
Quando começa a clarear abro a porta da minha casa, vou pegar o leite e o pão, coo o café, esquento o leite, vou pro quintal, sento no degrau da minha cozinha e olho o vale profundo, que começa a ficar dourado na hora em que os pássaros acordam.
Muito lindo, Sylvia. Da janela do quarto ela vê os instantes em que o sonho e a vigília se misturam: vê o estranho, o estranhamento… E quando a noite cai fecha a janela… e vai sonhar.
É poeta.
Delícias de imagens dessa janela divina.
A janela do quarto pura sensação e emoção, síntese de um mundo vivido.Lindo!