Índio potiguara, valente e tenaz,
do primeiro massacre escapou.
Na Holanda ampliou seu mundo,
e como Chefe retornou a suas terras
do outro lado da religião.
De herege e traidor foi chamado, sem ser um nem outro;
desimpedido para decidir, a fé seria cristã; portugueses não a detinham.
Apelos de primos e tribo para ser fiel
em solo conspurcado com soterrados cadáveres.
Somos de Portugal lhe diziam,
Não vedes? Deles somente recebemos massacre e cativeiro;
apagastes a memória da perversão e do morticínio.
Aqui nos deixam livres;
traição seria abandonar quem me acolheu com honras
ao invés de jogar-me na escravidão.
Deus está acima dos homens que lhe servem
tão somente em miragens e aparências.
Luto pela liberdade até a escolha da fé,
Luto pela dignidade de meus irmãos.
Foi vencido, torturado, sem ceder a falsas promessas e honrarias;
resistiu a apelos da ignorância sem abdicar da razão.
E com ela morreu nas mãos de covardes algozes,
gravando nas páginas da história
a lucidez dos que não se rendem.
NOTA DO EDITOR: Pedro Poti nasceu na capitania da Paraíba em 1608 e morreu em algum lugar do Oceano Atlântico, em 1652, a caminho de ser julgado em Portugal. Figura lendária, líder indígena da nação potiguar, que habitava toda a costa da Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão, comandou em várias batalhas os potiguares, aliados dos holandeses, contra os portugueses. Foi capturado, preso e torturado na Segunda Batalha dos Guararapes, em 1649. No site Trilhas dos Potiguares, do Governo Estadual da Paraíba, você encontra essa história detalhada. Foi de lá que tiramos esse trecho da carta que o líder Poti escreve para seu primo, que queria convencê-lo a aliar-se aos portugueses: “Não acrediteis que sejamos cegos e que não possamos reconhecer as vantagens que gozamos com os holandeses entre os quais fui educado. Jamais se ouviu dizer que tenham escravizado algum índio ou que tenham assassinado ou maltratado algum dos nossos. Eles nos chamam e vivem conosco, como irmãos. Em todo o país encontram-se os nossos, escravizados pelos perversos portugueses, e muitos ainda o estariam, se eu não os tivesse libertado. Os ultrajes que nos têm feito, mais do que aos negros, e a carnificina dos da nossa raça, executada por eles, na Baía da Traição, ainda estão bem frescos em nossa memória. Abandonai, portanto, primo Camarão, esses perversos ”
Belo poema Liliana!
Gosto quando falam Brasil. Desconhecia a história de Pedro Poti.
Vou procurar entender mais, quem foi e quais foram seus feitos para libertar
seus pares indígenas do jugo português.
Legal a curiosidade ser despertada!
abço