Eram intrépidos cavaleiros. Guerreiros audazes que, com suas máquinas, enfrentavam terríveis perigos. Conduziam, em veículos de ultima geração, suas heroínas de um canto a outro do quintal.
Apesar da distância, tinham que enfrentar várias batalhas para transportarem as corajosas meninas que, como eles, não tinham medo de nada.
O momento mais perigoso da jornada era no trecho onde os velocípedes ficavam atolados na lama formada por eles mesmos. As três rodas dos pequenos veículos chapinhavam no gosmento barro que, só com a vinda de outro, e unindo forças é que conseguiam sair do lodaçal. As pernas franzinas e as calças curtas dos meninos, cujos suspensórios se cruzavam nas costas, estavam sujas de barro, e os vestidos das meninas, principalmente nas barras, apresentavam a mesma aparência.
– Não quero brincar mais, disse a pequena Luiza.
– Pronto, lá vem a chata estragar o brinquedo.
– Chata é a mãe, retrucou Luiza.
– Quem é chata? Repete se você é mulher, repete menina boba, berrou o pequeno Rui.
– Isso mesmo que você ouviu, tonto. Chata é tua mãe.
E os dois se engalfinharam, rolando pelo chão. Pararam a brincadeira, formando torcida.
– Vamos Luiza, mostre que você é menina, gritavam as meninas.
– Isso mesmo Rui, mostre para essa lambisgóia quem somos nós.
Rui, por cima, aplicava tapas no rosto já vermelho da pobre Luiza. Luiza se esforçava para derrubar o primo de cima dela, mas não conseguia.
– Pede água, sua burra, vamos, pede.
– Não peço, respondeu com os olhos marejados de lágrimas.
– Ei, que isso meninos, se comportem, disse Mada, saindo da casa. E correu para apartar os briguentos.
– Vamos, parem, nem parecem primos. Que coisa feia brigarem.
– O que foi, Mada?
– Os dois aqui, brigando. E vocês, em vez de separar, ficam atiçando.
– Luiza, já pra dentro, disse Gusta, ralhando com a filha.
Luiza, chorando, entrou na casa, aos resmungos.
– Foi ele que começou, não fui eu.
– Mentira dela. Ela que começou.
– Não me interessa quem começou, já de castigo, vá para dentro.
Quando ficaram sós as cinco crianças, Cau disse:
– Dedo-duro.
– Não sou dedo-duro não, berrou Irani.
– É sim, retrucou o Vardinho. É, e correu chamar as tias.
– Não sou não, vocês iam deixar eles brigando.
– Dedo-duro, dedo-duro, berraram em coro.
Irani, chorando, correu pra dentro gritando:
– Mãe, eles estão me chamando de dedo-duro.
– Que coisa feia, crianças.
– Vamos, agora vão se lavar para o almoço.
– Rápido! Sem gritaria e sem bagunça.
E foram eles, na maior gritaria, se lavar, esquecendo as brigas. Passaram correndo pela tia que lavava a louça.
– Cuidado para não caírem, aconselhou Vitória.
– Vitória, você não viu o Vardinho?
– Olha lá, e apontou para o quintal.
– De novo!
– Ruli, não vá brigar com ele, converse.
– Pode deixar, Vitória.
Enquanto lavava os pratos ficou observando a cunhada falar com o filho. Não conseguia ouvir o que diziam, mas pela expressão da cunhada, sabia o que se passava com o sobrinho. Não era a primeira vez que aquilo acontecia. Dali a pouco, mãe e filho entraram.
– Quer ser escritor? Perguntou Vitória.
– É. Sabe o que ele me disse?
– O quê?
– Que estava guardando aquele momento na memória para quando for grande poder escrever.
– Isso é coisa de criança, passa, sossega.
Bem você escreveu o que se passou em nossas infância, gostei relembrei junto com sua história meu tempo de criança, que vivi intensamente e guardo em minha memória, queria contar aos meus netos o que eu vivi, mas hoje se interessam por outras coisas, eu escutei muitas histórias de meu avô, eu tinha tempo, na nossa época era diferente hoje o tal de jogos eletrônicos mudaram muito, infelizmente obrigado por me enviar sua escrita.