Os começos estão fadados ao fracasso, a frase martelava, suspensa e reavivada em intermitência … Sem raciocínio lógico causal, um amontoado de fatos surgia comprobatoriamente, afirmando a constatação.
Assim os mitos: o herói inicia sua jornada com grandes expectativas e aclamações; espera-se dele conquistas que inflamem povos e nações, promessas suspensas apoiadas em sua grandeza. O retorno, entretanto, é rapidamente esquecido, guardando certo ressentimento pela fé que murchou. Quando exitoso toma-se o feito como normal, quando fracassado, culpa-se o antigo herói diminuído à condição de insignificância.
Assim as paixões: incendeiam e irradiam, elevam corpos e almas a alturas inebriantes, para depois desvanecer em esgarços pendentes, memórias acinzentadas, saudades do que virá e fastídio do que foi.
O que dizer dos bebês? Despertam ternura, mimos, sentimento extravasante de esperança na humanidade; derretem quem os olha em ondas de amor incontido e, depois, molestam a tranquilidade, enervam os sentidos com seu choro e demandas que não acabam mais. Menos que os cães fofinhos, certamente, mas de certo modo semelhante; já receberam um cãozinho filhote?
Continuava enumerando situações, cada vez mais tenso e inquieto, e subitamente, em clarão de compreensão, proclamou: se o começo não funciona, comecemos pelo fim. Para transmitir tal proposição ousada devia comprovar antes sua efetividade e treinou primeiro com o passeio canino; este ser de quatro patas insistia em arrastá-lo desembestadamente até a hora de retornar, quando estava cansado e andava dócil a seu lado. O passeio iniciado no fim foi um sucesso, conseguido após manobras espaciais e temporais.
Animado, passou ao segundo experimento mais complexo: acabou um namoro e o retomou a partir desse ponto: êxito! Sem mais ilusões, cobranças, juras de fidelidade, medo de traições, segredos a desvendar, em suma, tudo que tortura e é absolutamente irresolvível.
Cada dia se transformou em uma revigorante experiência até que, totalmente convencido de que era o modo certo de estar neste mundo, dirigia-se sempre do ponto de chegada ao ponto de partida.
LILIANA LIVIANO WAHBA – Psicanalista junguiana. Profa Dra da PUC-SP. Diretora de Psicologia da Associação Ser em Cena – Teatro de Afásicos. Autora de Camille Claudel: Criação e Loucura.
Heheh, Lili! Bem pensado!
Empreendimento econômico nos gastos emocionais, fadado ao sucesso!
Estratégia a ser adotada!!!
O Curioso Caso de Benjamin Button <3
Nova leitura, como se primeira. Muito bom, um perfeito neura!!!!