A espera,
por Sylvia Loeb


 

 

Uma horda de motos prateadas invade a rua larga.

Homens de roupa negra de couro, capacetes brilhantes, olhos escondidos atrás de óculos escuros.

Abrem e fecham os carburadores, rugido selvagem de respiração.

Em cima de suas máquinas imensas, machos poderosos, ombros largos, botas de cano alto, meu coração para de bater, depois dispara, quase caio.

Encosto na parede, derrubo minha sacola de compras, os ovos quebram, gosma amarela escorre pela calçada.

Uma mulher vem perguntar se eu preciso de ajuda, nem respondo.

As motos não acabam mais, surgem do final da rua, ondas arrebentam no asfalto, ronco ensurdecedor, esses homens, oh, esses homens…

Sento na mureta, acendo um cigarro e fico esperando que um deles venha me buscar.

Qualquer um.

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SYLVIA LOEB – É psicanalista e escritora. Visite seu site, acesse sua página no Facebook ou escreva para o email [email protected]!

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