O poeta morreu.
O homem no carro não sabe.
As pedras se reviram.
Quietas, aguardam: para onde nossos significados?
O poeta morreu.
A mulher dentro da loja não sabe.
As árvores escurecem.
Melancólicas, indagam: para onde nossos orvalhos?
O poeta morreu.
O guarda na esquina não sabe.
Os pássaros desabam.
E, no chão, nem ciscam: para onde nossas asas?
O poeta morreu.
O mendigo na marquise não sabe.
As nuvens pingam.
Desnorteadas, se espalham: em que rio nossas águas?
O poeta se morreu.
Cá dentro, o corpo sabe.
E se contorce, e se esconde, e se expande
ao que fora é sua pareidolia –
cinzas de substantivos
escondidas no subterrâneo.
Para onde?
Muito bem
O poeta se morreu!
Mto lindo
que poema!
<3
Beleza de homenagem em diálogo poético que sensibiliza profundamente
Lindo!!
Que beleza, Paulo!