Clube dos Escritores 50 mais Carlos Schlesinger Setembros

Setembros, por Carlos Schlesinger

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Pois é, esse assunto era para Setembro e já estamos no começo de Outubro. Mas tem coisa que permanece na cabeça, até virar texto e não vou dar aos espíritos obsessores o prazer de me fazer esperar 11 meses e três semanas  para ser politica e literariamente e correto. Então, nos primórdios de outubro, vou falar do que desejava ter falado em setembro.

Setembro é um mês simpaticíssimo. Tanto pelo afastamento do começo de anos difíceis como pelo aceno do fim do ano, renovação e esperança de novos tempos, blá, blá, blá. Uma espécie de pré feriado, um olho espichado já para para o Natal.

E o nome é bonito: Setembro não tem o calor de fevereiro, a amargura de Agosto, a pieguice de Maio. Um mês sólido de nome sólido e aristocrático.

Na cultura pop, então, nem se fala.

Tem Quando Setembro Vier, filme daqueles de assistir à tarde, comendo mandiopã com açúcar e canela, para zerar o QI e repousar os olhos em Rock Hudson, Gina Lollobrigida, Sandra Dee, Bobby Darin, entre outros. Com a canção digestiva de Billy Vaughn, o filme é um colírio. Um Lavolho, dos anos 60, comme il faut.

Das rádios vinha essa obsessão com Setembro que sempre me intrigou, mas que meu oráculo interior decifrou: por que Setembro?

September Song, See you in September, Sealed wih a Kiss, When Summer is Gone, Maggie Mae e, mais recentemente, September.

Mistério desvendado. Setembro é o fim do verão do hemisfério norte, a volta às aulas e o reencontro entre os jovens enamorados que tinham se prometido amor eterno, ameaçado pelas férias. São inúmeros os temores e as juras:

I don t  want to say goodbye for the summer, knowing the love we’l l l miss,/Oh, let us make a pledge to meet in September/ And seal with a kiss. Sealed with a kiss, na minha versão preferida gravada por Bobby Vinton.

Bye, bye, so long, farewell./ See you in September/ Have a good time, but remember, there is danger in a summer moon above (um primor de insegurança juvenil), The Happenings.

I see you in September, when summer is gone, have a good time, but remember, I ll be waiting back home..

Agora a outra pérola do medo e do ciúme prévios do Otelo juvenil:

and when you go out dating with some guy all alone, just remember I’ll be  waiting when summer is gone, Gary Lewys and the Playboys.

E por aí vai o cancioneiro popular americano, inglês, no caso de Rod Stewart, que manda a Maggie May acordar porque tem algo a lhe dizer pois já e Setembro e ele tem que voltar para a escola .

Mistérios de Setembro desfeitos. Acabou? Não.Temos Vanusa, com Manhãs de Setembro, temos Beto Guedes com o Sol da Primavera — quando entrar Setembro e a boa nova andar nos campos...

Setembro com Marina Lima, Setembro de Ivan Lins.

September of My Years, com Frank Sinatra. Neil Diamond com September Morn.

E tudo isso, acho, porque é fim de verão no hemisfério norte, as meninas voltam, é primavera aqui no Sul, te amo, meu amor, trago estas rosas para te dar.

E bem-vindo, Outubro. Falo com você mais tarde.

4 comentários

  1. Prezado Carlos:
    Como seu Setembros foi primoroso aguardo que escreva sobre os Outubros ou outros quaisquer de sua escolha

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