Clube dos Escritores 50+ Carlos de Castro Coisinha eletrica?Imagem gerada por AI

#histórias para contar para os netos
COISINHA ELÉTRICO, por Carlos de Castro

Era um tempo em que tinha mais mato, mais florestas, onde moravam muitos bichos. Tinha até bicho que os homens nem conheciam. É verdade! Era um tempo em que nem todos haviam sido inventados. Alguns bichos estavam em fase de experiência.

É, e quando os bichos estão sendo inventados é muito importante que eles arrumem algum jeito para se defender. Uns podem virar uma bola, como o tatu, e também o pequeno tatu-bolinha. Outros tem casco duro como a dona tartaruga. Alguns aprendem a correr muito, como a gazela, outros a dar coices fortes, como o cavalo. Tem até o senhor gambá, que solta um cheirinho bem ruim….

De repente apareceu um bichinho que tinha inventado um jeito novo de se defender: ele ficava elétrico! A dona Cobra, que se achava muito esperta, logo tentou atacar aquele bicho e se deu mal. Levou um tremendo choque e nunca mais chegou perto dele.

Foi daí que o bichinho ficou conhecido na mata como o “coisinha elétrico”.

– “Coisinha elétrico”, veja só. Não gostei nada nada. Afinal todos os bichos têm um nome e eu não quero ficar sendo um “coisinha”. De jeito nenhum.

Mas o que ia fazer, ele não conseguia nem conversar com os outros. Todo mundo ficava longe dele por medo de levar choque. Sem saber como mudar a situação, o “coisinha elétrico” ia levando a vida meio tristonho, sempre sozinho.

 Um dia ele estava na sua toca espiando a caverna onde viviam os bichos-homens e viu duas crianças que brincavam com umas pedrinhas. Elas davam muita risada e o “coisinha” começou a achar engraçado também. Aí teve uma ideia: arrumou umas pedrinhas brilhantes que tinha descoberto dentro de sua toca e começou a levar para perto das crianças. Uma delas o viu e logo gritou:

– Olha, que bichinho bonito. Ele está trazendo umas pedrinhas pra nós!

Nunca ninguém o tinha chamado de bonito. Aquilo lhe fez tão bem que aos poucos ele foi chegando mais e mais perto das crianças. Uma delas então resolveu acaricia-lo. O “coisinha” teve um reflexo rápido e conseguiu desligar seu sistema elétrico. Claro, ele gostava das crianças, não queria que elas tomassem choque.

E assim aquele bichinho aprendeu a viver de um outro jeito, ficou mais ligeiro e atento e pode desligar para sempre sua defesa elétrica. Seu pelo ficou até mais lisinho, de tanto carinho que recebia das crianças. Logo os outros bichos começaram a perceber sua mudança e ele pode fazer novas amizades.

E foi a velha dona Tartaruga, do alto de sua sabedoria, quem o batizou e acabou para sempre com aquela história de “coisinha elétrico”.

– Você vai se chamar Fuinha. Combina com a sua cara.

E o Fuinha gostou muito disso e até aprendeu a virar bicho de estimação dos homens.

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